Na noite de segunda-feira (7), a SpaceX lançou mais 15 satélites Starlink a partir da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia. A caminho da órbita, o Falcon 9 usado na missão fez um buraco na ionosfera, formando um grande X no céu – coincidentemente, a nova marca do Twitter, definida por Elon Musk pouco tempo depois que o dono da empresa de foguetes comprou a rede social.
Dennis Mammana, astrofotógrado de Borrego Springs, que fica nas proximidades, foi um dos observadores que conseguiu registrar o brilho vermelho que assumiu esse formato peculiar ao “atravessar” a Via Láctea.
Essa luz vermelha é causada por uma reação de troca de carga entre o escape do foguete (principalmente água) e os gases na ionosfera. A reação extinguiu a ionização local em até 70%, essencialmente “rasgando” a ionosfera ao longo do caminho do foguete.
![](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2023/08/foguete-falcon-9-ionosfera-pluma.jpg)
Um vídeo de lapso de tempo produzido por Jeremy Parez, da cidade de Flagstaff, no Arizona, mostra um pouco do vapor de água gelado (azul pálido) que alimentou a reação.
Antes raros, as fendas ou buracos ionosféricos são cada vez mais comuns, com o aumento da frequência dos lançamentos espaciais – embora isso nem sempre aconteça. Essa reação é iniciada quando um foguete queima a camada F da ionosfera, mas muitos veículos já desligaram seus motores antes disso.
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Buracos na ionosfera representam perigo?
Ionosfera é a camada da atmosfera terrestre situada entre aproximadamente 60 km e mil km acima da superfície da Terra. Nessa região, a radiação solar ioniza átomos e moléculas da atmosfera, criando íons e elétrons livres.
Essa camada é essencial para a comunicação de rádio de longa distância, pois reflete e refrata ondas, permitindo a comunicação global e o uso de tecnologias como rádio, TV e GPS. Além disso, a ionosfera pode afetar as comunicações espaciais e é objeto de pesquisas científicas contínuas.
Buracos na ionosfera podem causar ruídos e interrupções momentâneas nesses sinais, o que pode ser problemático, mas são efeitos de curta duração – a re-ionização ocorre assim que o Sol nasce novamente.
Normalmente, a densidade da ionização varia ao longo do dia e das estações do ano devido à mudança na radiação solar. A interação da ionosfera com o vento solar causa as auroras boreais e austrais, fenômenos de luz colorida nos polos norte e sul da Terra, respectivamente.
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