Uma extensa família da Idade do Bronze, que viveu há 3.800 anos nos Montes Urais do Sul, aparenta ter adotado uma abordagem flexível para casamentos, com a maioria dos homens tendo apenas uma esposa, enquanto outros poucos se relacionavam com mais de uma mulher ao mesmo tempo.

Analisando os genomas de 32 indivíduos parentes que foram todos enterrados no mesmo túmulo, os autores de um estudo recém-publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences descobriram que o mais velho de seis irmãos parecia ter o luxo de uma segunda esposa.

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Compreendendo três gerações, os restos mortais foram descobertos em um kurgan (monte funerário) no sítio de Nepluyevsky, na Rússia. Entre os sepultados estavam, além dos seis irmãos, suas esposas, filhos e netos, sem nenhuma parente consanguínea do sexo feminino com mais de cinco anos presente na sepultura.

Por que os primogênitos da Idade do Bronze podiam ter mais de uma esposa

Reconstruindo a árvore genealógica baseada no DNA dos esqueletos, os pesquisadores descobriram que o irmão mais velho teve oito filhos de duas mulheres diferentes, enquanto nenhum dos outros irmãos teve outra esposa nem mais de três filhos. “Em Nepluyevsky, encontramos evidências de um padrão de desigualdade típico dos pastores: múltiplos parceiros e muitos filhos para o suposto filho primogênito e relacionamento nenhum ou monogâmico para os outros”, explicou o autor principal do estudo, Jens Blöcher, da Universidade Johannes Gutenberg de Mainzem, um comunicado.

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Segundo ele, o irmão mais velho aparentemente tinha mais status e, portanto, maiores chances de reprodução. “O direito do primogênito masculino nos parece familiar, é conhecido do Antigo Testamento, por exemplo, mas também da aristocracia na Europa histórica”.

A ausência de parentes femininos adultos, por sua vez, sugere fortemente que os habitantes de Nepluyevsky eram patrilocais, o que significa que as mulheres se casavam com homens de outras comunidades, enquanto eles permaneciam dentro de sua tribo biológica. “Enquanto um sexo permanece local e garante a continuidade da linhagem familiar e da propriedade, o outro se casa de fora para evitar a endogamia”, explica o artigo.

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Para evitar contaminação, os genomas pré-históricos são reconstruídos em salas limpas especiais na JGU. Crédito: Joachim Burger/ Universidade Johannes Gutenberg de Mainz

Além de determinar as práticas matrimoniais e de moradia dos eurasianos da Idade do Bronze, os pesquisadores também puderam colher informações relacionadas à qualidade de vida desfrutada (ou suportada) por essa comunidade. 

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De acordo com a coautora do estudo, Svetlana Sharapova, o estado de saúde da família enterrada naquele túmulo deve ter sido muito ruim. “A estimativa média de vida das mulheres era de 28 anos, a dos homens de 36 anos”.

Observando que a última geração da família era composta principalmente de crianças e bebês e que o uso do kurgan parece ter terminado de forma bastante abrupta, Sharapova diz que “é possível que os habitantes tenham sido dizimados por doenças ou que os membros restantes tenham ido para outro lugar em busca de uma vida melhor”.

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