Que existe água – em forma de gelo – na Lua, a gente já sabe. E isso é de vital importância para os futuros exploradores lunares e do espaço profundo, já que o recurso pode vir a ser extraído e usado para apoiar uma presença humana permanente na superfície lunar.

Segundo a NASA, encontrar uma forma de obtenção desse gelo preso entre as crateras mais escuras da Lua é fundamental não apenas porque ajudará a manter os astronautas vivos em missões lunares, como, também, porque o gelo de água pode ser quebrado em seus constituintes de hidrogênio e oxigênio, principais componentes do combustível de foguetes, permitindo que as espaçonaves completem seus tanques fora da Terra.

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Mas, existe água congelada suficiente na Lua para suprir essas expectativas?

Há menos gelo de água na Lua do que se pensava

As áreas frias da Lua onde o Sol nunca alcança são mais jovens do que as crateras em que habitam e, de acordo com novas pesquisas, provavelmente abrigam menos gelo de água do que se pensava anteriormente.

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Essas áreas, conhecidas como regiões permanentemente sombreadas (PSRs), são consideradas reservatórios abundantes de gelo de água que podem ser aproveitados pelos astronautas na superfície lunar para reforçar os sistemas de suporte à vida e gerar combustível para foguetes. 

Produzir propelente diretamente na Lua pode ajudar missões de retorno à Terra, bem como aquelas mais profundas visando Marte que usarão a superfície lunar como um pitstop.

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Ocorre que uma nova pesquisa, publicada na revista Science, aponta que as PSRs têm, no máximo, 3,4 bilhões de anos. Isso significa que são mais jovens do que as crateras de quatro bilhões de anos que as hospedam, sugerindo que as estimativas atualmente altas para depósitos de gelo de água na Lua precisam ser revisadas para baixo.

“Impactos e desgaseificação são fontes potenciais de água, mas atingiram o pico no início da história lunar, quando as PSRs atuais ainda não existiam”, disse Norbert Schörghofer, cientista sênior do Instituto de Ciência Planetária do Arizona e principal autor do novo estudo, em um comunicado.

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Como os cientistas descobriram isso

Para chegar a essa conclusão, a equipe liderada por Schörghofer modelou a evolução da Lua a partir de sua formação há 4,5 bilhões de anos – quando um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra – continuando sua deriva ao longo do tempo e terminando com sua posição atual. 

Segundo as simulações, a Lua experimentou uma grande reorientação na inclinação de seu eixo de rotação há cerca de 4,1 bilhões de anos, quando atingiu 77° por um curto período antes de se submeter a valores mais baixos.

Embora a Lua possa ter tido um volume de gelo de água significativo na época, “obliquidades tão altas devem ter resultado na perda de todos os depósitos de gelo”, diz o artigo.

Nas simulações, as PSRs apareceram perto dos polos norte e sul da Lua e cresceram ao longo do tempo após a reorientação do eixo de rotação, mas a quantidade de água congelada escondida nessas regiões provavelmente será menor do que o estimado anteriormente.

Para futuras missões tripuladas, os cientistas estão particularmente interessados na região polar sul da Lua, onde eles acham que muitos voláteis – elementos que passam do sólido para o gasoso quando a luz ou a radiação solar os atingem – existem. 

A dupla indiana Chandrayaan-3, que pousou perto do polo sul lunar em agosto, procurou vestígios de água congelada durante sua missão de duas semanas, no entanto, as descobertas dos dados coletados ainda não foram anunciadas.

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