Quando o assunto é quais (e quantos) são os continentes, a resposta é complicada. Nos Estados Unidos, por exemplo, os alunos geralmente aprendem em geografia que existem sete continentes: América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia, África, Austrália e Antártida. Já na Europa, é mais comum ensinarem que existem apenas seis continentes: Europa, Ásia, África, Antártida, Austrália/Oceania e América.

Para quem tem pressa:

  • A definição de continentes é uma questão complexa e varia de acordo com a região e o contexto educacional;
  • A palavra “continente” refere-se a grandes massas de terra e sua classificação muitas vezes se relaciona com as placas tectônicas;
  • Alguns especialistas argumentam que a divisão entre Europa e Ásia é arbitrária, sendo mais uma construção geopolítica do que uma distinção física;
  • Existem diferentes perspectivas sobre o número de continentes, desde sete até apenas cinco (ilustrados pelos anéis olímpicos);
  • Mesmo as definições científicas têm um componente subjetivo, influenciado por fatores socioculturais e históricos.

Além disso, existem argumentos que defendem que existem ainda menos continentes. Ou seja, até hoje não existe consenso sobre essa questão, segundo o IFLScience. Confira abaixo algumas definições e linhas de pensamento relacionadas aos continentes.

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O que é um continente?

Mapa mundi com estética de visão de satélite dos continentes
(Imagem: PxHere)

Antes de mais nada, vamos explorar o significado da palavra continente. Ela vem do termo latino “terra continens”, que significa massa de terra contínua, e é usado para se referir a grandes massas de terra.

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Frequentemente é sugerido que os continentes se alinham com as placas tectônicas da Terra, mas até esse sistema de categorias apresenta alguns problemas.

Sob essa definição, Eurásia é um único continente e também existem numerosas “placas menores” de tamanho significativo que não se encaixam nesse modelo – por exemplo, a Placa Indiana.

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Quais são os continentes?

Visão dos continentes da Terra a partir de nave no espaço
(Imagem: NASA)

Alguns geógrafos acreditam que a distinção entre Europa e Ásia é arbitrária e baseada principalmente em distinções geopolíticas históricas, e não em diferenças físicas. Basta olhar para um mapa para ver que Europa e Ásia são parte da mesma massa de terra. Além disso, suas histórias e culturas estão profundamente entrelaçadas há séculos.

Alguns acadêmicos defendem que a Europa foi uma invenção das elites, criada para enfatizar a natureza excepcional do “Ocidente” e sua cultura. Como tal, argumentaram que Europa e Ásia deveriam ser tratadas como um único continente: Eurásia.

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Imaginar a Europa e a Ásia como constituindo ‘continentes’ equivalentes há muito tempo é reconhecido como a pedra angular etnocêntrica de uma visão de mundo ocidental, ou euro-americana. A amálgama Eurásia corrige esse viés ao destacar a interconexão de toda a massa de terra.

Chris Hann, diretor fundador do Instituto Max Planck de Antropologia Social, em um artigo de 2016

O historiador Marshall Hodgson foi ainda mais longe, de acordo com Hann, e argumentou que a Europa, África e Ásia fazem parte de um complexo continental: Afro-Eurásia. Afinal, a massa de terra é completamente transitável por terra e não é dividida por nenhuma massa de água – exceto o Canal de Suez no Egito, construído pelos humanos no século 19.

Existe também um modelo de cinco continentes, como ilustrado pelos cinco anéis na bandeira olímpica, sendo que cada círculo simboliza um continente habitado do planeta: África, Ásia, América, Europa e Oceania/Austrália.

Em outras palavras, até mesmo as definições mais científicas têm algum grau de subjetividade. Por mais que tentemos, é extremamente difícil dissociar o conceito de continente das forças socioculturais que moldam nossa percepção da Terra e nosso lugar nela.