Os minúsculos microfones presentes no rover Perseverance em Marte mostraram que o espaço pode ter sons valiosos. Isso porque, eles fornecem dados importantes sobre o ambiente marciano para cientistas e engenheiros, além de ajudar a monitorar o funcionamento do veículo.

O Perseverance foi a primeira missão ao planeta vermelho em que foi possível observar um retorno acústico. Equipado com dois microfones, o rover possui um sensor fixado em seu corpo, onde foi possível ouvir sua entrada, descida e pouso, e outro no topo do seu mastro giratório, a SuperCam, que grava ruídos do vento, turbulências e diversas operações de equipamentos.

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O microfone SuperCam também permitiu que os cientistas entendam como as ondas sonoras se espalham pela fina atmosfera marciana, Os sons capturados por ela, tem três fontes principais:

  • os sons da atmosfera, criados pela turbulência e pelo vento;
  • os das ondas de choque geradas pelo instrumento de espectroscopia de ruptura induzida por laser (LIBS) na SuperCam;
  • e os artificiais, produzidos por hardware, como o som dos motores movimentando as rodas, do Mars Oxygen In-Situ Resource Utilization Experiment (MOXIE) e do helicóptero Ingenuity.

Com essas capturas feitas pelos microfones foi possível criar uma Lista de reprodução do Perseverance com horas de áudio. De acordo com relato na Acoustical Society of America, os pesquisadores apontaram que o mais proeminente entre os sons é o do Ingenuity. O barulho das pás giratórias do helicóptero fazem com que seja possível avaliar as características e condições do voo, o que pode ser útil em futuras missões de retorno de amostras.

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Microfones na exploração espacial

Os benefícios oferecidos pelos microfones do Perseverance, fizeram com que a ideia de incluir sensores acústicos em missões espaciais se popularizasse em meio aos cientistas, como Timothy Leighton, professor de Ultrassom e Acústica Subaquática na Universidade de Southampton, no Reino Unido.

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De acordo com ele, incluir microfones em missões marcianas e de exploração espacial permitiriam coletar e analisar informações sobre o vento, temperatura, química e a turbulência em outros mundos, indo além de apenas ouvir sons.

Assim, ele tem tentado aumentar o interesse público sobre o assunto e consequentemente fazer com que os políticos peçam a inclusão de microfones em missões espaciais. Para isso, Leighton forneceu um dispositivo de simulação acústica para um planetário, a fim de inspirar e envolver crianças nas ciências e engenharias.

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O software é capaz de simular sons de fenômenos naturais em outros planetas como ventos, trovões e crio vulcões, além de mudar a voz do apresentador para ela soar como na atmosfera de mundos como Marte, Vênus e Titã, a maior lua de Saturno.

O exercício também permitiu uma explicação da ciência e da engenharia por trás da criação dos sons. No entanto, os avanços realmente importantes são aqueles provenientes da ciência e engenharia do Perseverance, e comparado a isso, minhas contribuições são pequenas, apenas trabalho para despertar o interesse das pessoas.

Timothy Leighton, em resposta ao Space.com

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