Por que a missão Psyche pode ser considerada uma viagem ao centro da Terra

A missão Psyche, da NASA, pode permitir que os pesquisadores descubram mais sobre a Terra a 3,6 bilhões de distância do planeta
Por Mateus Dias, editado por Flavia Correia 19/10/2023 08h51
Missão Psyche da NASA (Crédito: NASA)
Missão Psyche da NASA (Crédito: NASA)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Na semana passada, a NASA enviou uma sonda em direção ao asteroide 16 Psyche. A longa jornada deve durar cerca de seis anos, percorrendo 3,6 bilhões de quilômetros rumo ao Cinturão de Asteroides – uma região do Sistema Solar formada por diversos detritos rochosos localizada entre as órbitas de Marte e Júpiter.

O objetivo da missão é investigar a rocha espacial rica em metal, que os cientistas suspeitam ser o núcleo remanescente de um planetesimal (um bloco de construção de um planeta) – algo semelhante ao núcleo da Terra. Por isso, a investigação deste corpo pode trazer revelações sobre o nosso próprio mundo, como se a espaçonave estivesse em uma verdadeira viagem ao centro do planeta.

Conceito artístico do asteroide 16 Psyche. Crédito: Arizona State University

Sobre o asteroide alvo da missão Psyche:

  • 16 Psyche foi o 16° asteroide descoberto, tendo sido observado pela primeira vez em 1852, pelo astrônomo Annibale de Gasparis, que o nomeou em homenagem à deusa grega da alma;
  • Ele possui um diâmetro médio de 226 quilômetros e o formato semelhante ao de uma batata;
  • O asteroide é classificado como tipo M, o que significa que ele é formado majoritariamente por rochas de origem metálica, principalmente ferro e níquel, muito semelhante ao núcleo da Terra.

Os pesquisadores acreditam que asteroides do tipo M provavelmente sejam remanescentes de planetas destruídos nos primeiros anos do Sistema Solar. Os elementos mais pesados como o ferro e o níquel, afundaram em direção ao centro dessas rochas, enquanto os mais leves foram para a superfície. 

Devido a colisões com outros objetos, essas camadas mais externas foram arrancadas, deixando para trás apenas o núcleo metálico. Dessa forma, asteroides como o 16 Psyche são “laboratórios naturais” perfeitos para estudar núcleos planetários.

Leia mais:

Estudando o núcleo da Terra através do asteroide 16 Psyche

Atualmente, o núcleo interno da Terra pode ser estudado apenas por métodos indiretos, através das vibrações de terremotos que viajam por ele, ou por meio de experiências em laboratório que tentam recriar as condições de temperatura e pressão. No entanto, nenhum desses métodos é exatamente preciso.

Agora, com a missão Psyche, da NASA, os cientistas podem compreender o centro da Terra, sem ser necessário ir realmente até lá. A missão deve descobrir se o asteroide é mesmo o resto de um planeta destruído, e se é possível ele ser feito de material que não tenha sido derretido e resfriado. Além disso, os dados coletados poderão ajudar a:

  • Determinar a idade da superfície do asteroide e quando ele perdeu suas camadas externas;
  • Compreender a composição do 16 Psyche e se ele apresenta elementos mais leves, como carbono, oxigênio, hidrogênio, silício e enxofre;
  • Medir a forma, massa e distribuição da gravidade da rocha espacial;
  • Avaliar seu potencial para futuras explorações minerais.

A partir de câmeras de amplo espectro, espectrômetros, magnetômetros, gravímetros e outros instrumentos, a espaçonave poderá nos dizer mais sobre o asteroide 16 Psyche e sobre a evolução do nosso próprio planeta.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.