Mudanças recentes sinalizam um distanciamento das principais redes sociais em relação às notícias. É o que aponta uma reportagem publicada no jornal The New York Times (NYT) nesta quinta-feira (19).

Para quem tem pressa:

  • Mudanças recentes indicam um afastamento das principais redes sociais em relação à divulgação de notícias;
  • Executivos de grandes empresas de tecnologia apontam que a hospedagem de notícias muitas vezes traz mais problemas do que benefícios, devido aos debates polarizados que geram;
  • A confiança dos veículos de comunicação na dependência das gigantes da tecnologia está abalada, com a aceitação de que o tráfego anteriormente gerado provavelmente não será recuperado;
  • A queda no tráfego de redes sociais para os principais sites de notícias nos EUA nos últimos anos tem sido mais acentuada do que o previsto, transformando a dinâmica da indústria de notícias;
  • A indústria de notícias enfrenta o desafio de se adaptar a esse novo paradigma e encontrar estratégias mais diversificadas e diretas para alcançar seu público.

Para você ter ideia, Campbell Brown, principal executiva de notícias do Facebook, deixou a empresa em outubro. Poucos dias depois, o X (antigo Twitter) removeu as manchetes da sua plataforma. Além disso, o chefe do aplicativo Threads, o “Twitter do Instagram”, reafirmou que sua rede social não irá mais amplificar notícias.

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Notícias e as redes sociais

Casal deitado na cama usando celular
(Imagem: Freepik)

Executivos de big techs, como Adam Mosseri do Instagram, afirmaram que hospedar notícias muitas vezes traz mais problemas do que benefícios, devido aos debates polarizados que frequentemente geram.

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A confiança dos veículos de comunicação na dependência dessas gigantes da tecnologia está abalada, com muitos aceitando que o tráfego anteriormente gerado por eles provavelmente não será mais recuperado.

Essa ruptura recente na já tumultuada relação entre a imprensa e as plataformas tecnológicas destaca a incerteza que se avizinha para a indústria de notícias, segundo o jornal.

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Desde a disrupção causada pelas empresas de tecnologia, há mais de uma década, muitos veículos de notícias têm lutado para sobreviver. O tráfego – e, por consequência, a publicidade proveniente de sites como o Facebook e o Twitter – era uma tábua de salvação.

Agora, esse tráfego está em declínio. Em setembro de 2020, os principais sites de notícias nos EUA recebiam cerca de 11,5% do tráfego web de redes sociais, enquanto em setembro de 2023 esse número caiu para 6,5%, de acordo com dados da Similarweb.

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A queda nos últimos 12 a 18 meses foi mais acentuada do que a maioria dos veículos de comunicação antecipava, segundo o NYT.

Para onde correr, então?

Pessoa lendo notícia num celular
(Imagem: Reprodução/Universidade do Texas)

Essa nova realidade está transformando a dinâmica da indústria de notícias. Plataformas intermediárias – Google Notícias e Flipboard, por exemplo – estão se tornando mais relevantes. Isso porque os leitores buscam uma mistura de jornalismo autoral com fontes diversas.

Com o distanciamento das big techs, os veículos se apoiam cada vez mais no mecanismo de busca Google. No entanto, mesmo essa fonte não é mais uma garantia.

Algumas semanas atrás, alguns veículos notaram quedas no tráfego proveniente do Google. Embora o buscador continue sendo a principal fonte de tráfego de referência, esse declínio suscita preocupações sobre o futuro.

Em última análise, essa nova dinâmica está forçando os veículos de comunicação a explorar estratégias mais diversificadas e diretas para alcançar seus públicos.

Conexões diretas com o público tornam-se essenciais e a queda no tráfego das plataformas sociais pode, de certa forma, ser libertadora, segundo a reportagem do jornal.

A indústria de notícias agora enfrenta um desafio crucial: como se adaptar a esse novo paradigma e continuar fornecendo informações essenciais para o público.