Estudo simula 115 mil anos de mudanças na cobertura de gelo do Alpes

Além das mudanças na cobertura de gelo ao longo dos últimos 115 mil anos, o estudo também previu com as geleiras estarão em 2100
Por Mateus Dias, editado por Ana Luiza Figueiredo 20/10/2023 22h13
Cientistas conseguiram modelar a cobertura de gelo nos Alpes nos últimos 115 mil anos
Cientistas conseguiram modelar a cobertura de gelo nos Alpes nos últimos 115 mil anos (Crédito: Shutterstock / BBA Photography)
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O último período glacial que tomou conta do planeta Terra se iniciou há cerca de 115 mil anos, alternando entre ciclos de frio e calor, avanço e recuo de geleiras e moldando as paisagens de todo mundo. Agora, um novo estudo conseguiu simular como se deram as mudanças da cobertura de gelo na cadeia montanhosa dos Alpes.

Conseguir voltar tanto no tempo assim pode parecer difícil, mas em um novo estudo, publicado recentemente na revista Journal of Glaciology, pesquisadores das Universidades de Lausanne, Berna e Zurique conseguiram criar um programa capaz de simular o nível de gelo nos Alpes. Além disso, o modelo também conseguiu prever como as geleiras estarão em 2100, a partir de previsões de aumento de temperatura.

  • O programa é resultado de uma colaboração entre climatologistas e glaciologista;
  • Ele se baseia em um modelo numérico único, que pela primeira vez incorpora modelagem complexa do clima passado;
  • As simulações climatológicas permitem modelar a acumulação, dinâmica e derretimento do gelo, a distribuição da queda de neves e a evolução dos glaciares nos Alpes, resultando no modelo mais preciso até então.

Validação das simulações

A partir de marcas nas rochas e acúmulo de destroços os pesquisadores conseguiram validar o modelo, que devido a sua complexidade levou 6 anos para ficar pronto. Para obter as condições de clima e do nível de gelo que corresponde com a realidade foi preciso configurar primeiro os modelos glaciogênicos e climáticos.

Esses vestígios deixados nos Alpes, permitiram que os pesquisadores verificassem o modelo com precisão somente até 24 mil anos atrás, no período em que as geleiras atingiram seu máximo e destruíram todas as evidências dos períodos anteriores.

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Mesmo que o período anterior a isso não possa ser verificado com certeza, o modelo também forneceu um contexto para o aquecimento global. Comparando o nível de gelo que existia há 20 mil anos nos Alpes com atualmente, percebe-se uma mudança assustadora, com geleiras minúsculas e que podem estar com dias contados.

A imagem dos diferentes ciclos glaciais é bastante reveladora. Há 24 mil anos, podemos ver que cidades como Lausanne estavam cobertas por mais de um quilômetro de gelo, nada parecido com o que está acontecendo agora, onde os gases de efeito estufa desempenham um papel ativo no derretimento das geleiras. O que é mais impressionante é a velocidade das atuais alterações climáticas (apenas algumas décadas) em comparação com o período de tempo infinitamente longo das eras glaciais.

Guillaume Jouvet, principal autor do estudo, em resposta a Phys

Agora, os pesquisadores esperam melhorar ainda mais a resolução das simulações da cobertura de gelo nos Alpes.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.