Colisão de estrela de nêutrons poderia destruir a vida na Terra

As quilonovas acontecem quando duas estrelas de nêutrons colidem e a radiação emitida por elas poderia destruir a camada de ozônio
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 03/11/2023 05h00, atualizada em 06/11/2023 21h16
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Um grupo de cientistas apontou que se duas estrelas de nêutrons colidissem relativamente próximo à Terra, isso provavelmente extinguiria a vida no nosso planeta. Esse evento conhecido como quilonova (ou Kilonova) gera uma enorme quantidade de radiação que poderia destruir a camada de ozônio, nossa proteção contra os raios ultravioletas.

A colisão de estrelas de nêutrons gera as explosões mais poderosas do universo, ficando atrás apenas do Big Bang. Essas fusões, além de gerar rajadas de raios gama e ejetar partículas que se movem em velocidades próximas à da luz, também criam ambientes turbulentos o suficiente para forjarem elementos, como ouro, prata, chumbo e o telúrio.

Agora, em novo estudo publicado no ArXiv, os pesquisadores teorizaram o quanto de estrago uma quilonova poderia causar se ela acontecesse próxima à Terra.

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Estragos de uma quilonova

A colisão de duas estrelas de nêutrons pode gerar uma explosão de raios gama
A colisão de duas estrelas de nêutrons pode gerar uma explosão de raios gama. Crédito: Robin Dienel/Instituição Carnegie para a Ciência

A explosão de raios gama (GRB) é a parte mais perigosa de uma colisão de estrelas de nêutrons. Isso porque ele carrega energia o suficiente para ionizar átomos, inclusive os presentes na camada de ozônio, causando sua destruição

  • A uma distância de até 297 anos-luz de distância da Terra, um dos jatos gêmeos de raio gama emitidos, queimaria qualquer ser vivo que estivesse em seu caminho. Por sorte, para isso acontecer seria necessário um golpe direto e certeiro na Terra;
  • Em 16,3 anos-luz, o gás e a poeira entre a Terra e a quilonova, atingido pela radiação gama, iria passar a emitir raios-x capazes de ionizar a camada de ozônio;
  • Se estivéssemos a 13 anos-luz de distância de uma colisão, uma concha mais larga e menos fatal de raios gama poderia atingir a Terra, causando um buraco na camada de ozônio no local que levaria 4 anos para se recuperar;
  • O pior cenário acontece a 36 anos-luz de distância. Os raios cósmicos da quilonova se expandem em forma de uma bolha, se ela engolisse a Terra destruiria toda camada de ozônio, deixando o planeta vulnerável a raios ultravioletas por milhares de anos. 

Os resultados do estudo ainda precisam de revisão e não são exatamente precisos. Isso porque existem outros parâmetros que podem determinar a distância mínima de segurança para estarmos de um quilonova.

A distância específica de segurança e o componente mais perigoso é incerto, pois muitos dos efeitos dependem de propriedades como o ângulo de visão do evento, a energia da explosão, a massa do material ejetado e muito mais. Com a combinação de parâmetros que selecionamos, parece que os raios cósmicos serão os mais ameaçadores.

Haille Perkins, líder da pesquisa, em resposta ao Space.com

Além disso, mesmo que essas distâncias estejam corretas, nenhuma possível colisão próxima foi descoberta até agora. Na Via Láctea, cientistas encontraram apenas uma dupla de estrelas de nêutrons que pode gerar uma quilonova, e ela está localizada a cerca de 11400 anos-luz de distância.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.