Após cinco voos comerciais bem-sucedidos para a “borda” do espaço, a Virgin Galactic anunciou que vai reduzir a frequência dos lançamentos. A princípio, eles passarão a ser trimestrais, com possibilidade de uma interrupção maior a partir do meio de 2024.

Vamos recapitular os voos comerciais da empresa ao espaço:

publicidade
  • No fim de junho, a Virgin Galactic lançou a missão Galactic 01, seu primeiro voo comercial (ou seja, contratado por terceiros) – pago pelo governo italiano;
  • A tripulação contava com três membros da Força Aérea Italiana e do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália, que levaram 13 experimentos científicos para serem conduzidos durante o voo;
  • Pelo caráter científico da missão, ela não foi considerada turística;
  • Dessa forma, o título de primeiro voo turístico oficial da Virgin Galactic é da missão Galactic 02, que aconteceu em 10 de agosto;
  • A empresa anunciou que, a partir de então, lançaria um voo espacial comercial por mês, com a missão Galactic 03 decolando em 8 de setembro;
  • Em 6 de outubro, foi a vez do voo Galactic 04, seguido do Galactic 05, ocorrido em 2 de novembro – o último deste ano.
Decolagem do porta-aviões VMS EVE, carregando o avião espacial VSS Unity para lançá-lo rumo ao espaço. Crédito: Virgin Galactic

Em uma teleconferência de resultados apresentada na quarta-feira (8), executivos da Virgin Galactic disseram que os voos do avião espacial VSS Unity vão acontecer de três em três meses a partir da próxima missão, Galactic 06, que decola em janeiro. No segundo trimestre, espera-se o lançamento do voo Galactic 07.

É possível haver uma terceira missão, a Galactic 08, em meados do ano, mas Michael Colglazier, presidente-executivo da empresa, disse que a diretoria ainda não decidiu a respeito.

publicidade
Richard Branson, dono da Virgin Galactic, parabenizando a empresa pelo voo Galactic 05, o último de 2023.

Viagens ao espaço da Virgin Galactic serão feitas em outro veículo

Toda essa reformulação se deve à necessidade de deslocamento de pessoal e outros recursos para trabalhar nos novos veículos de classe Delta. Esse novo projeto vai custar, pelo menos, 185 demissões e outras medidas de racionamento financeiro.

Embora o anúncio não tenha fornecido nenhuma indicação sobre o futuro da espaçonave Unity, Colglazier sugeriu que o veículo pode ser aposentado. Segundo ele, a empresa já aprendeu tudo o que precisava sobre as operações de voos espaciais e a experiência de seus clientes ao longo dos cinco voos comerciais que realizou entre junho e novembro.

publicidade

“Os objetivos de voo da Unity são demonstrar nosso sistema, mostrar nossa experiência astronáutica e fornecer aprendizados para nosso programa Delta”, disse o gestor, revelando que os custos totais para suportar os voos da Unity superam as receitas mensais relativamente modestas da empresa.

“O grande movimento que estamos fazendo aqui é girar os recursos que foram colocados nos voos do Unity e redirecioná-los para que as naves Delta sejam feitas com o dinheiro que temos em mãos”, explicou.

publicidade

Voos científicos dão mais lucro

Parece que o caráter turístico dos voos espaciais da Virgin Galactic ficará em segundo plano. Segundo Colglazier, para os próximos lançamentos, a empresa se concentrará em maiores oportunidades de receita, o que inclui a pesquisa, que oferece mais retorno financeiro por assento do que os passageiros privados. 

Além disso, os ingressos ficarão mais caros para os turistas. Atualmente, o preço médio gira em torno de US$450 mil (o equivalente a mais de R$2,2 milhões). A intenção é que cada assento privado passe a custar mais de US$1 milhão (quase R$5 milhões).

Colglazier disse que assim que os voos da Unity terminarem, os funcionários da empresa que trabalham nos veículos no Espaçoporto América, no Novo México, irão para uma nova fábrica perto de Phoenix, que a empresa espera concluir no segundo trimestre do ano que vem para iniciar a montagem dos primeiros veículos da classe Delta. 

A Virgin Galactic projetou que os veículos da classe Delta poderão voar duas vezes por semana, em comparação com a cadência mensal dos voos Unity. Com os veículos Delta sendo capazes de transportar seis clientes contra quatro da espaçonave em operação, cada voo do novo programa pode produzir 12 vezes mais receita por mês do que os atuais.

Com informações do site SpaceNews.