Guerra Israel-Hamas: posts no X (Twitter) incitando o ódio continuam no ar

O Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH) acusou o antigo Twitter de não retirar do ar discursos de ódio mesmo após eles serem denunciados
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 16/11/2023 14h51
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(Imagem: Yalcin Sonat/Shutterstock)
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O Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH) divulgou um novo relatório apontando que o X, antigo Twitter, continua falhando em remover postagens relacionadas à guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas que violam as regras da própria rede social. Segundo o documento, as publicações contêm desinformação, antissemitismo, islamofobia e outros discursos de ódio.

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Falhas no X (antigo Twitter)

No total, foram relatadas 200 postagens sobre o conflito, que violavam as regras da plataforma, em 31 de outubro. Mesmo após o conteúdo delas ser denunciado, os responsáveis pela pesquisa descobriram que 98% das publicações permaneciam ativas sete dias depois.

De acordo com o CCDH, as postagens relatadas, que em grande parte promoveram a intolerância e incitaram a violência contra muçulmanos, palestinos e judeus, foram coletadas de 101 contas separadas. Apenas uma delas foi suspensa, e as postagens que permaneceram no ar acumularam 24.043.693 visualizações até a publicação do relatório.

Além disso, 43 das 101 contas analisadas eram verificadas, o que significa que o algoritmo da plataforma aumenta a visibilidade das postagens.

Em resposta, o X orientou os usuários a lerem um novo post no blog que detalha as “medidas proativas” que tomou para manter a segurança da plataforma durante a guerra no Oriente Médio, incluindo a remoção de três mil contas ligadas a entidades violentas na região e a tomada de medidas contra mais de 325 mil conteúdos que violam os termos de serviço.

A rede social, no entanto, não esclareceu quanto tempo levou para remover postagens e contas ofensivas depois que elas são denunciadas. As informações são do The Verge.

Em setembro, a mesma entidade havia apontado as falhas na moderação, mas a empresa de Elon Musk alegou que a organização deturpou quantos usuários haviam visualizado o conteúdo de ódio. Além disso, o X entrou com um processo contra o CCDH.

X Twitter
(Imagem: Camilo Concha/Shutterstock)

Dificuldades para combater a desinformação

  • Recentemente, um estudo da NewsGuard, apontou que 74% das publicações com conteúdos falsos sobre o conflito vieram de contas verificadas no antigo Twitter.
  • Além disso, nos últimos dias, a Comissão Europeia solicitou formalmente informações à Meta e ao TikTok sobre como a empresa está lidando com o conteúdo que viola as políticas do bloco e a desinformação relacionados ao conflito.
  • A investigação faz parte da recém promulgada Lei de Serviços Digitais (DSA) da União Europeia (UE), que responsabiliza legalmente as plataformas pelos conteúdos postados nelas.
  • Já o Telegram decidiu bloquear o acesso a uma conta oficial das Brigadas Al-Qassam, a ala militar do Hamas, após pressão

Guerra Israel-Hamas e as redes sociais

Apesar do Hamas ser banido das redes sociais, desde o início do conflito no Oriente Médio, diversas contas favoráveis ao grupo terrorista ganharam centenas de milhares de seguidores. Além disso, diversas postagens com imagens dos ataques ou difundindo ideias extremistas se propagaram pela internet.

Segundo analistas, a mais recente guerra escancarou, mais uma vez, os desafios das empresas de tecnologia no sentido de minimizar a disseminação de conteúdo falso ou extremista. Em conflitos passados, as redes sociais foram fortemente criticadas por não agir contra a propagação desses conteúdos ou até mesmo por ser excessivamente zelosas, impedindo a circulação até mesmo de informações verdadeiras.

Enquanto conteúdos abertamente pró-terrorismo circulam nas redes, há milhares de relatos de postagens que não faziam qualquer apologia ao Hamas, apenas defendendo a criação de um Estado Palestino, e que foram simplesmente tiradas do ar.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.