Mistério sobre a construção das pirâmides pode chegar ao fim

Enorme via aquática tinha centenas de metros de largura e pode ter sido utilizada para transportar materiais e os trabalhadores
Por Rodrigo Mozelli, editado por Bruno Capozzi 30/11/2023 20h05, atualizada em 01/12/2023 21h49
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Cientistas descobriram antiga ramificação do Nilo que pode finalmente ter solucionado o mistério de como as pirâmides foram construídas.

A enorme via aquática, com centenas de metros de largura, já secou há muito tempo, mas pode ter sido utilizada para transportar os materiais e os trabalhadores necessários para construir esses monumentos icônicos há milhares de anos.

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De acordo com os pesquisadores, a concentração de pirâmides ao longo da margem ocidental da planície alagada do Nilo indica que a região pode ter sido atendida por grande curso de água capaz de suportar projetos de construção ambiciosos.

Em entrevista ao IFLScience, a autora do estudo, Dra. Eman Ghoneim, disse que, “se existem pirâmides por toda essa área específica, deve ter havido corpos d’água que transportaram ou facilitaram o transporte de rochas e de grande número de trabalhadores para esses locais”.

  • Para descobrir mais detalhes sobre essa antiga ramificação do Nilo, Ghoneim utilizou dados de satélite de radar e analisou o Vale do Nilo do espaço;
  • As ondas de radar são capazes de penetrar no solo, fornecendo acesso a “mundo invisível de informações sob a superfície”;
  • Com isso, foi revelada a existência de leito de rio seco que serpenteia pelo deserto e pelas terras agrícolas por cerca de 100 quilômetros;
  • A largura dessa ramificação era equivalente à largura atual do Nilo, chegando a mais de meio quilômetro em alguns trechos.

Evidências do uso de vias aquáticas na construção das pirâmides

Essa ramificação do Nilo, agora chamada de Ramificação Ahramat pelos pesquisadores, passa por 38 sítios diferentes de pirâmides, partindo de Faiyum até Giza. A equipe planeja analisar amostras do solo do antigo leito do rio para determinar se estava ativo durante o Antigo e Médio Reino, quando as pirâmides foram construídas.

A confirmação dessa informação é fundamental para tirar conclusões firmes, mas existem evidências que sugerem que essa ramificação desempenhou papel na construção dos monumentos. Ghoneim explicou que “a maioria dessas pirâmides costumava ter via de acesso que geralmente terminava em templo do vale, que é como um porto ou um antigo ancoradouro”. A maioria desses templos do vale está “exatamente localizada na margem da ramificação que encontramos”.

Além de ajudar a entender a construção das pirâmides, a exploração das antigas ramificações do Nilo também pode auxiliar os arqueólogos na localização de outros sítios perdidos do Egito Antigo.

Ghoneim afirma que, ao seguir o curso dos antigos cursos d’água, há chance maior de descobrir antigas cidades e povoados que foram desaparecendo ao longo do tempo devido às mudanças no curso do Nilo. Essas descobertas ajudarão a compreender melhor a história e o patrimônio egípcio.

A pesquisa foi apresentada no 13º Congresso Internacional de Egiptologia deste ano.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.