Há quase duas décadas, cientistas descobriram um mundo remoto e congelado chamado Éris, localizado a bilhões de quilômetros depois de Netuno. Esse corpo celeste é considerado “quase gêmeo” de Plutão, mas, enquanto o irmão já foi estudado de perto, recebendo a visita da sonda New Horizons, da NASA, em 2015, ele ainda permanece um mistério, aparecendo apenas como um pontinho de luz nas observações da Terra.

O que se sabe sobre Éris é mínimo, como o fato de que sua atmosfera congela e forma neve na superfície, devido à sua posição nos limites do Sistema Solar, cerca de 68 vezes mais distante do Sol do que nós.

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Agora, novos modelos baseados em dados de uma série de radiotelescópios no Chile revelaram mais sobre ele: o calor remanescente do nascimento do planeta anão parece estar escapando do núcleo e “amaciando” lentamente sua superfície gelada, transformando sua natureza rochosa para algo mais flexível. “Como um queijo mole”, nas palavras do cientista Francis Nimmo, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

Ele é o principal autor de um estudo publicado recentemente na revista Science Advances, que relata as mais novas descobertas sobre Éris.

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Representação artística do planeta anão Éris e sua lua Disnomia. Crédito: NASA/JPL-Caltech

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Planeta anão semeou a discórdia sobre Plutão

Quando foi avistado pela primeira vez em 2005, esse mundo parecia ser um pouco maior que Plutão, o que causou debates acalorados entre os cientistas. Essa disputa levou à redefinição de planeta pela União Astronômica Internacional, rebaixando Plutão à categoria de planeta anão. Além disso, a situação inspirou o nome do novo objeto descoberto, já que Éris é a deusa grega da discórdia.

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Segundo a nova pesquisa, no entanto, Éris, na verdade, tem praticamente o mesmo tamanho do antes considerado último planeta do Sistema Solar. 

Os pesquisadores também estimaram a massa da microlua de Eris, a Disnomia. Éris e seu satélite natural são mutuamente amarrados, o que significa que ambos exercem a mesma força um sobre o outro, um efeito causado pela lua ao criar marés em Éris, fazendo-o girar lentamente ao longo de bilhões de anos.

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As descobertas revelam que Éris provavelmente tem um núcleo rochoso coberto por uma camada gelada. O calor liberado desse núcleo está movimentando o gelo em sua superfície de forma lenta, deixando-a aparentemente lisa e nivelada, apagando qualquer sinal de irregularidades.

“A rocha contém elementos radioativos, e estes produzem calor. E esse calor tem que sair de alguma forma”, disse Nimmo. “Então, à medida que o calor escapa, ele impulsiona essa agitação lenta no gelo”.