Um estudo apresentado terça-feira (5) na Segunda Conferência Internacional de Detritos Orbitais em Sugar Land, no Texas, EUA, revela que colisões de pequenos pedaços de lixo espacial em órbita emitem sinais detectáveis da Terra

De acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA), esses detritos são monitorados pelas redes de vigilância espacial em todo o mundo. Cerca de 35,6 mil deles são maiores que 10 centímetros (entre pedaços de satélites antigos e foguetes, por exemplo) – o que representa apenas uma fração de toda a poluição que está lá fora. 

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Acredita-se que cerca de um milhão de fragmentos menores, entre um a 10 cm, estejam em órbita ao redor da Terra, junto com outros 130 milhões de estilhaços ainda menores que isso, que embora sejam invisíveis aos métodos tradicionais de rastreamento, têm energia suficiente para causar danos sérios a satélites operacionais se colidirem.

Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, desenvolveram um novo método para enfrentar esse desafio. Utilizando simulações computacionais, eles descobriram que quando dois objetos colidem em altíssimas velocidades orbitais (algo em torno de 30 mil km/h), eles provocam explosões elétricas detectáveis por radiotelescópios terrestres.

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Simulação de dois pedaços de lixo espacial de alumínio colidindo a 22 mil km/h, causando uma explosão elétrica semelhante a relâmpago, que é representada como pontos azuis e vermelhos. A carga positiva é mostrada em vermelho, enquanto as cargas negativas estão em azul. Esse sinal elétrico poderia ser usado para rastrear pedaços individuais de lixo espacial e nuvens de partículas minúsculas com antenas de rádio terrestres. Crédito: Universidade de Michigan

Colisões de lixo espacial geram eletricidade

Embora o espaço seja vasto e colisões não sejam comuns, quando ocorrem, os fragmentos resultantes carregam eletricidade. Esses pequenos fragmentos carregados emitem faíscas detectáveis quando se aproximam, semelhante à eletricidade estática gerada por atrito entre materiais.

Os sinais detectados são breves e fracos, mas os pesquisadores acreditam que com mais estudo, esse método poderá ajudar a rastrear os perigosos detritos espaciais até então invisíveis.

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Segundo Nilton Renno, professor da Universidade de Michigan e um dos autores do estudo, a detecção atual de detritos espaciais baseia-se na reflexão de luz ou sinais de radar, tornando mais difícil localizar objetos menores. O novo método, no entanto, oferece uma abordagem promissora para encontrar fragmentos de até um milímetro.

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A equipe planeja realizar mais simulações e comparar os resultados com dados reais da Deep Space Network, da NASA. A expectativa é que essa técnica não só revele a posição, mas também a forma e o estado dos fragmentos, fornecendo informações cruciais sobre qualquer risco em potencial.

O aumento do lixo espacial é uma preocupação séria para a comunidade astronômica, principalmente porque a quantidade de detritos cresce enquanto o número de satélites operacionais também aumenta. Especialistas temem que colisões frequentes possam desencadear a Síndrome de Kessler, uma situação descontrolada em que colisões sucessivas geram mais fragmentos, ameaçando outras espaçonaves até que não reste mais nada inteiro que ainda se possa destruir.