A resposta para a vida em Marte pode estar no Atacama; entenda

Pesquisadores afirmam que micróbios do Atacama são diferentes de tudo que existe na Terra e podem auxiliar nos estudos sobre Marte
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 12/12/2023 10h50, atualizada em 02/01/2024 15h29
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O deserto de Atacama é um dos locais mais áridos da Terra e, segundo cientistas, se parece muito com Marte. Além das condições climáticas extremas, a presença de um ecossistema totalmente diferente de tudo que conhecemos pode apresentar indícios de como seria a vida no planeta vermelho.

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Deserto do Atacama

  • O Atacama está localizado na região norte do Chile, chegando até as fronteiras com o Peru e a Argentina.
  • São cerca de mil quilômetros de extensão de deserto, considerado também o mais alto do mundo (3.660 metros acima do nível do mar).
  • Além da altitude, o clima extremamente seco e o calor escaldante formam um ambiente hostil onde poucas plantas e animais sobrevivem.
  • Mas nessa imensidão foram encontradas doze piscinas de água rasa e cristalina que se estendem por 10 hectares.
  • Sob a superfície dessas lagoas, pesquisadores identificaram um ecossistema único.
  • As informações são da Live Science.

Veja as lagoas repletas de micróbios:

Crédito: YouTube/Universidade do Colorado em Boulder

Ecossistema diferente de tudo que existe na Terra

As lagoas abrigam micróbios que, à primeira vista, se assemelham a algumas das primeiras formas de vida conhecidas na Terra. Pesquisadores descobriram esse mundo perdido por acaso depois de avistar uma rede de piscinas estranhas em imagens de satélite do deserto no noroeste da Argentina.

É diferente de tudo o que eu já vi ou, realmente, como qualquer coisa que qualquer cientista já viu. É incrível que você ainda possa encontrar coisas não documentadas como essa em nosso planeta.

Brian Hynek, professor associado de ciências geológicas da Universidade do Colorado em Boulder

No total, esses micróbios se estendem por 4,6 metros de diâmetro e vários metros de altura. Observações preliminares indicam que eles podem ser estromatólitos – comunidades complexas de micróbios cujas excreções se solidificam em camadas de rocha – semelhantes às que existiram durante um período da história da Terra chamado de Arqueano (4 bilhões a 2,5 bilhões de anos atrás), quando a atmosfera não continha oxigênio.

Os estromatólitos ainda se formam hoje em vários habitats marinhos e de água doce, mas são muito menores do que os antigos organismos. Já no Atacama, chegam próximos ao tamanho dos estromatólitos arqueanos, que as descobertas fósseis indicam que cresceram até 6 metros de altura.

As formações montanhosas – embebidas nas águas salgadas e ácidas das lagoas e cozidas pela radiação solar extrema – abrigavam dois tipos de micróbios, com camadas de bactérias fotossintéticas chamadas cianobactérias cobrindo o exterior, e comunidades de organismos unicelulares conhecidos como archaea prosperando no núcleo.

Se a vida evoluísse em Marte para o nível de fósseis, teria sido assim. Entender essas comunidades modernas na Terra pode nos informar sobre o que devemos procurar enquanto procuramos características semelhantes nas rochas marcianas.

Brian Hynek, professor associado de ciências geológicas da Universidade do Colorado em Boulder
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.