A Apple suspendeu as vendas de dois modelos recentes do Apple Watch após ser proibida de comercializar os modelos. A proibição, que começou nesta terça-feira (26), aconteceu após a Comissão de Comércio Internacional dos EUA concluir que a empresa violou patentes de uma concorrente de tecnologia médica chamada Masimo, em relação a um sensor de oxigênio no sangue presente nas novas versões do relógio.

De acordo com a Bloomberg, o problema teria surgido com a contratação de um engenheiro da Masimo, que teria vendido a tecnologia da concorrente à Apple. A primeira acusou a empresa dos iPhones de roubar a invenção.

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Disputa entre Apple e Masimo

Segundo um site, em 2013 um engenheiro chamado Marcelo Lamego enviou um e-mail ao CEO da Apple, Tim Cook, com uma ideia que poderia mudar a tecnologia do Apple Watch e fazer da empresa “a marca número 1 no mercado médico, de fitness e bem-estar”.

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Tratava-se de um sensor e um conjunto de algoritmos que determinam o nível de oxigênio do sangue a partir de um dispositivo vestível. Poucas semanas depois do e-mail, Lamego foi contratado pela Apple.

No entanto, antes disso, em 2003, o engenheiro trabalhava na Masimo Corp. e era diretor técnico da empresa Cercacor Laboratories Inc., uma subsidiária da Masimo, desde 2006. A contratação por si só já acendeu um alerta.

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Os advogados da companhia dizem que Lamego não tinha conhecimento prévio de como desenvolver a tecnologia de oxigênio no sangue, já que seus estudos eram sobre outras áreas da saúde. Ou seja, segundo a acusação, o engenheiro aprendeu como construir o recurso na Masimo e o vendeu à Apple.

Apple
Imagem: hanohiki/Shutterstock

Smart Watch com o sensor de oxigênio no sangue

A Masimo argumentou que Lamego saiu depois que a Apple conseguiu o que precisava, mas a empresa dos iPhones diz que o engenheiro renunciou em 2014, por não se enquadrar no perfil da companhia.

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Três meses depois, novos modelos do Apple Watch foram anunciados, mas sem a tecnologia do sensor de oxigênio no sangue. Pelo contrário, os recursos eram básicos, como um leitor de pulso.

Ainda, a Masimo chegou a apresentar que se reuniu com a Apple em 2013 acreditando que a empresa visava uma parceria. No entanto, o que aconteceu, segundo a companhia, é que ela aproveitou para aprender sobre a tecnologia e sondar a contratação de funcionários. A Apple se defendeu dizendo que a contratação de empregados da concorrência não é uma prática ilegal, o que o júri concordou.

O processo mudou quando um engenheiro sênior da Apple testemunhou que o desenvolvimento do sensor de oxigênio no sangue começou só no final de 2014, após a renúncia de Lamego. Porém, oito meses depois, a big tech já anunciou um modelo do Apple Watch, o Series 6, com o recurso como uma grande novidade.

Isso levou a Masimo a apresentar uma nova queixa à Comissão de Comércio Internacional, em 2021, alegando que o uso violava patentes. Com a queixa aceita, a big tech foi obrigada a tirar as unidades de dois modelos do relógio de circulação nos Estados Unidos às vésperas do Natal deste ano, prejudicando um negócio que gera US$ 17 bilhões em vendas.

Montagem com modelos dos novos Apple Watch
(Imagem: Apple)

Proibição do Apple Watch

  • A Apple anunciou no dia 18 a suspensão das vendas dos modelos Watch Series 9 e Ultra 2 nos Estados Unidos. A pausa entrou em vigor no dia 21 nas vendas online e no dia 24 na venda nas lojas físicas, apenas no país.
  • A proibição afeta apenas os dois modelos, que contam com a tecnologia de oximetria de pulso acusada de violar patentes. O modelo mais antigo, o SE, não está envolvido na decisão.
  • Os relógios já vendidos não serão afetados.
  • As pausas nas vendas aconteceram em um momento crucial para a Apple, às vésperas do Natal. A big tech chegou a recorrer para tentar reverter a decisão, mas teve seu pedido rejeitado.
  • Agora, a empresa pede que a proibição seja suspensa pelo menos até que a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA analise as versões redesenhadas do Apple Watch, o que deve acontecer em 12 de janeiro de 2024.