OpenAI perde espaço no setor da IA após crise de gestão

Demissão e retorno repentino de Sam Altman abalou confiança na OpenAI, e setor de IA está procurando alternativas
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Gabriel Sérvio 05/01/2024 15h10, atualizada em 05/01/2024 15h43
ChatGPT, da OpenAI, versus, Bard, do Google
Imagem: JRdes/Shutterstock
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A OpenAI parece estar perdendo terreno no setor da IA após o turbilhão de acontecimentos em novembro, quando o CEO Sam Altman foi demitido e, dias depois, retornou ao cargo. Empresas que dependem da tecnologia estão percebendo a necessidade de não depender de uma única companhia e recorrendo aos concorrentes da desenvolvedora do ChatGPT, como Anthropic, Amazon e Google.

De acordo com o The Wall Street Journal, os rivais da OpenAI estão ganhando espaço e diminuindo a vantagem desde que a empresa protagonizou uma crise de gestão.

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OpenAI perdendo espaço

Mesmo com o retorno de Sam Altman ao comando da OpenAI, clientes que usam IA não querem mais depender de uma única desenvolvedora. O jornal revelou que as companhias estão usando mais serviços de terceiros para se proteger dos riscos caso um deles tenha um problema.

Algumas delas já estavam prevenidas na época da crise:

  • O Walmart, por exemplo, se reuniu com seus líderes seniores para lembrá-los de não recorrer somente a OpenAI na hora de construir ferramentas de IA.
  • Ao contrário, eles deveriam usar a plataforma interna da empresa, que alterna entre diferentes modelos de IA (incluindo OpenAI) e garantir que, caso uma falha aconteça, não pare as operações.
  • A Aviatrix, uma companhia de rede em nuvem, foi outra que se preocupou com a crise de gestão. O CEO Doug Meritt estava em uma reunião quando soube da notícia da demissão de Altman e rapidamente verificou se sua empresa não dependia exclusivamente da OpenAI.
  • A resposta foi não. O CEO explicou que, apesar de usar o ChatGPT, a Aviatrix não depende exclusivamente dele.
  • Já a Blueshift, vendedora de software de marketing de IA, disse que recebeu ligações de clientes preocupados após o caso na OpenAI (a empresa usa o modelo de linguagem GPT).
  • Manyam Mallela, co-fundador da Blueshift, os assegurou que a empresa alterna entre modelos de linguagem da OpenAI e da Amazon, caso um deles precise de backup.
sam altman
Nem o retorno de Sam Altman ao cargo de CEO restituiu a confiança na empresa (Imagem: jamesonwu1972 / Shutterstock.com)

Concorrência aproveitou

Os concorrentes da dona do ChatGPT aproveitaram da nova desconfiança. O WSJ apontou que as empresas não estão desistindo de vez da OpenAI, mas diversificando com quem trabalham – e isso os levou a recorrer a rivais, como Anthropic, Google e Amazon.

Esta última, por exemplo, cutucou a concorrente. Na convenção anual, o CEO da Amazon Web Services, Adam Selipsky, subiu à frente de um palco que exibia as palavras “Choice matters” (algo como “opções importam”) e destacou que sua empresa tem acesso a vários modelos de IA.

Já o Google, que em dezembro deu uma prévia do novo modelo Gemini, disse que sua tecnologia seria mais barata e superaria a OpenAI em algumas tarefas.

Clientes estão cogitando justamente isso: o quanto a desenvolvedora do ChatGPT é imprescindível e o quanto há outras tecnologias que podem fazer o mesmo (ou até melhor), sem causar uma dependência. Segundo o jornal, com isso, a lacuna entre OpenAI e as rivais pode estar diminuindo.

A Gemini, IA do Google, afirmou que pode realizar algumas tarefas até melhor do que o ChatGPT (Foto: Pixabay/Montagem Marcelo Valladão)

Como a OpenAI respondeu

Após a restituição de Sam Altman ao cargo de CEO da OpenAI e uma semana turbulenta, a empresa destacou que não perdeu nenhum cliente.

Em comunicado da empresa, o chefe operacional, Brad Lightcap, disse que tem “profundo respeito pelas necessidades e aspirações únicas de cada cliente”. 

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Gabriel Sérvio é formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Geraldo Di Biase e faz parte da redação do Olhar Digital desde 2020.