Quem andou pela CES 2024 teve um vislumbre do futuro. No horizonte, estão: plataformas com inteligência artificial (IA) e telas transparentes. Entre as demonstradas no evento, está a de MicroLED da Samsung – por ora, uma “tela conceito” (leia-se: protótipo).
Para quem tem pressa:
- A Samsung apresentou uma tela MicroLED transparente na CES 2024 – considerada um protótipo inovador. Guilherme Campos, diretor de produto para TVs na Samsung Brasil, explicou a tecnologia por trás dessa tela e seu potencial de uso futuro em entrevista ao Olhar Digital;
- A tela transparente da Samsung utiliza a tecnologia MicroLED, com LEDs minúsculos que criam pixels coloridos com alta precisão, brilho e eficiência energética. A inovação desta tela está na remoção das camadas plásticas que bloqueiam a visibilidade, resultando numa tela transparente semelhante a vidro;
- Atualmente, a tecnologia MicroLED está em uma fase inicial de produção e possui um custo elevado, com valores estimados de até R$ 1 milhão. Segundo Campos, a usabilidade da tela ainda está sendo explorada, mas já aponta possibilidades promissoras para aplicações em empresas e casas;
- A Samsung não foi a única a apresentar telas transparentes na CES 2024; a LG também exibiu sua versão, a Signature OLED T. As principais diferenças entre as telas da Samsung e LG estão na tecnologia utilizada (MicroLED e OLED) e no preço futuro – a tela da Samsung será significativamente mais cara.
O Olhar Digital cobriu a feira, realizada entre 9 e 12 de janeiro em Las Vegas, nos Estados Unidos. Lá, a reportagem conversou com Guilherme Campos, diretor de produto para TVs na Samsung Brasil. Ele falou sobre a tecnologia por trás da tela transparente e maneiras de usá-la num futuro próximo.
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Para entender como a nova tela da Samsung funciona, é melhor irmos por partes. Primeiro, vamos explorar o MicroLED. Depois, a transparência. Por fim, como a combinação dessas tecnologias pode ser útil para o dia a dia no trabalho e em casa.
Tela transparente da Samsung
O MicroLED, também conhecido como µLED, é a tecnologia mais recente no mercado de telas. Esse tipo de painel traz LEDs minúsculos, usados para criar pixels coloridos com precisão, brilho e tempo de vida útil maiores. E com menor consumo de energia.
Cada pontinho representa um ponto de luz. Na verdade, é um subpixel, que acende. Cada um tem as luzes verde, vermelha ou azul, completando a cadeia RGB e emitindo a luz de um pixel. E eles são controlados individualmente. Quando intensificam a cor, você tem precisão e pico de brilho absurdos. Quando não emitem, você tem contraste fenomenal, porque está completamente apagado. É o melhor de todas as tecnologias e forma uma tela surpreendente.
Guilherme Campos, diretor de produto para TVs na Samsung Brasil, em entrevista ao Olhar Digital
O diretor também explica que a inovação apresentada pela Samsung na CES 2024 foi a retirada da parte plástica – isto é, das camadas que bloqueiam a visibilidade da parte de trás do painel. É essa remoção que deixou a tela transparente, segundo Campos.
A tela, que parece um pedaço de vidro transparente, possui um chip de MicroLED extremamente pequeno e um processo de fabricação preciso que elimina junções e refração da luz. Isso possibilita que o MicroLED transparente exiba imagens nítidas.
Samsung, em comunicado
No entanto, o mercado de MicroLED ainda está em fase inicial e sua produção não está disponível em grande escala. Na prática, significa que essa tecnologia ainda é muito cara. Para você ter uma ideia, os valores das telas de MicroLED da Samsung, uma das primeiras a apresentar a tecnologia, chegam a R$ 1 milhão.
Usabilidade da tela transparente

Guilherme Campos disse ao Olhar Digital que a usabilidade da tela transparente “ainda não foi cravada”. Mas acrescentou que pode ser interessante tanto para o segmento B2B (Business to Business, quando empresas são clientes finais da empresa) quanto para B2C (Business to Consumer, quando clientes da empresa são consumidores – leia-se: pessoas).
No segmento B2B, Campos citou como exemplos: centrais de controle, petrolíferas e empresas de logística, onde “precisa ter tela de última geração com muita resolução”. “Imagine colocar um painel transparente na frente para fazer análises, entender movimentações de público, explorar matéria prima no oceano e por aí vai.”
Já em relação ao B2C – isto é, o uso doméstico – o diretor ponderou sobre colocar a tela transparente numa sala ampla. “Imagine colocar uma divisória entre uma sala de estar e uma sala de jantar que é uma tela transparente. Sentado na sala de estar você vai conseguir ver bem uma sala de jantar e quando a imagem for exibida você vai ver cores precisas, brilhantes, através de uma tela transparente.”
Por ora, a maioria dos modelos de telas MicroLED é usada por empresas e para fins comerciais. Isso porque os painéis costumam ser grandes e caros demais para caber no uso doméstico – literal e metaforicamente. A Samsung mostrou uma “TV” MicroLED de mil polegadas, para você ter uma ideia.
Além disso, a empresa lançou painéis “smart hub” MicroLED no mercado brasileiro. O modelo de 110 polegadas, por exemplo, sai pela bagatela de aproximadamente R$ 950 mil na loja da marca. No entanto, a Samsung tem modelos cujos preços são mais, digamos, realistas. É o caso das smart TVs OLED, que você encontra na Amazon por R$ 6,3 mil, por exemplo.
Telas transparentes da Samsung e LG: qual a diferença?
A Samsung não foi a única gigante da tecnologia a apresentar telas transparentes na CES 2024. A LG também exibiu a sua: a Signature OLED T, uma TV transparente e (meio que) sem fios. São telas parecidas — afinal, são transparentes —, mas diferentes.
Entre as diferenças das telas, dá para destacar dois pontos cruciais. O primeiro: a da Samsung é MicroLED, enquanto a da LG é OLED. Resumidamente, a primeira usa LEDs inorgânicos, enquanto a segunda usa orgânicos, além de ser mais fina e leve. Por tudo o que você já leu aqui, a tecnologia MicroLED é considerada mais avançada, mas isso tem um custo alto — o que nos leva à outra diferença.
Como vimos, o preço de uma tela MicroLED da Samsung beira R$ 1 milhão (e ela nem é transparente!), enquanto as TVs OLED têm preços variados, mas são todas bem mais acessíveis — por mais caras que possam ser. A Signature OLED T ainda não tem preço confirmado, mas dificilmente se aproximará de R$ 1 milhão.
Nos vídeos de demonstração postados pelas empresas, a MicroLED transparente da Samsung aparece mais como uma tela mesmo, enquanto a OLED da LG, apesar de “diferentona”, lembra mais o, digamos, conceito tradicional de smart TVs.