Campanha pede regulamentação da IA em defesa dos dubladores

Profissionais da área temem perder os empregos para as máquinas; alguns programas já conseguem usar a voz original de artistas traduzida
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 23/01/2024 14h54, atualizada em 24/01/2024 21h18
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Passei a infância toda assistindo a filmes, séries e desenhos dublados. Frases como “Versão brasileira, Herbert Richers” ou “Versão brasileira, Álamo” fazem parte da memória afetiva de milhões de pessoas.

Hoje dou preferência às legendas, mas conheço muita gente que ainda gosta das dublagens. O mercado continua ativo e cheio de profissionais competentes, que se dedicam a esse tipo de arte e que estudam e fazem cursos de aperfeiçoamento.

É um trabalho como qualquer outro, mas que está sendo ameaçado pela ampliação do uso da Inteligência Artificial (IA). Algumas ferramentas, por exemplo, já permitem que você use a voz original do artista em outros idiomas.

Foi justamente esse um dos motivos que levaram à greve de várias categorias em Hollywood. Aí estendendo as queixas para além do uso da voz, mas também da imagem e da criação de roteiros por uma máquina.

No Brasil, o debate se intensificou em meados do ano passado.

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Diante dessas questões, os dubladores por aqui se articularam em torno de uma campanha chamada “Dublagem Viva“, que busca a regulamentação do uso da IA no mercado de trabalho.

Saiba mais sobre a campanha

De acordo com o movimento, os profissionais da voz querem um equilíbrio dos avanços tecnológicos com a preservação e a qualidade do trabalho da dublagem.

Eles deixam claro que não são contra a Inteligência Artificial, mas ao mesmo tempo não querem perder os empregos. Defendem que a IA seja usada apenas como uma ferramenta de criação e não como um substituto do dublador.

“A IA não deve ser usada para reproduzir vozes de atores em outros idiomas para Língua Portuguesa Brasileira com a finalidade de substituir os dubladores. É essencial preservar a expressão vocal, emoção e interpretação artística que os profissionais trazem para o processo de dublagem. A tecnologia deve ser vista como uma ferramenta complementar, não como um substituto”, diz trecho do manifesto na página oficial do Dublagem Viva.

A campanha conta com o apoio de diversas instituições internacionais de dubladores, incluindo a Organización de Voces Unidas (OVU), do México, a National Association of Voice Actors (NAVA), dos Estados Unidos, o Sindicato de Actores de Voz y Voice Talents de Madrid (AVTA), da Espanha, e a global United Voice Actors.

A página oficial do Dublagem Viva divulgou um link com um abaixo-assinado contra a perda de empregos na indústria de dublagem devido à inteligência artificial.

Recado dos dubladores

Além da campanha institucional, os próprios dubladores divulgaram vídeos nas redes sociais para defender a profissão.

O mais bacana é ver os rostos de algumas vozes bastante conhecidas.

https://www.instagram.com/reel/C2TG2dMuyud/?utm_source=ig_embed&ig_rid=33f03c41-80a2-4626-ba90-7ba95fa1f679
https://www.instagram.com/p/C2TCpUCJW0M/?utm_source=ig_embed&utm_campaign=embed_video_watch_again
https://www.instagram.com/reel/C2Sx8TTpVy8/?utm_source=ig_embed&ig_rid=5932ec27-290b-4e43-999f-4ef0e6c665f5
https://www.instagram.com/p/C2TK_jHPepC/?utm_source=ig_embed&utm_campaign=embed_video_watch_again
Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.