Nas montanhas de Kabayan, nas Filipinas, existem dezenas de “múmias de fogo”, preservadas secretamente há séculos. Chamadas de meking pelos moradores locais, esses corpos bem conservados pertencem aos antigos ancestrais dos indígenas Ibaloi. No entanto, mudanças ambientais vêm ameaçando a integridade desses lendários restos mortais.
O termo “múmia de fogo” refere-se ao processo de preservação desses corpos. Embora o método exato de mumificação não tenha sido deixado escrito, acredita-se que os meking foram defumados por longos períodos, resultando na excepcional conservação.
Essas múmias foram colocadas em cavernas nas montanhas mais altas da região de Benguet, a quase três mil metros de altitude. As condições frias ajudaram a proteger os corpos, mas mudanças climáticas, infiltrações e ações humanas têm causado danos, com algumas múmias ficando infestadas por mofo e insetos.
Pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, instalaram monitores ambientais nessas cavernas para acompanhar alterações na umidade e temperatura. Essa vigilância visa orientar a melhor abordagem para proteger as múmias.
Primeira “múmia de fogo” foi roubada e exposta em um desfile de carnaval
Enquanto alguns cientistas se empenham em garantir o futuro das “múmias de fogo”, outros buscam desvendar a história dessas relíquias macabras. A tradição de mumificação em Kabayan era transmitida oralmente, levando à perda de muitos detalhes.
A quantidade exata de múmias e a localização das cavernas são desconhecidas. A origem da prática também permanece um mistério, embora a lenda local sugira que Apu Anno, um governante e semideus do século 12, foi o primeiro a se tornar uma “múmia de fogo”.
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O corpo de Apu Anno, excepcionalmente conservado, foi roubado em 1918, exibido em um carnaval na capital Manila e devolvido aos Ibaloi só em 1999. Atualmente, a múmia está em uma caverna inacessível ao público, infestada por esporos de fungos, enquanto cientistas tentam preservá-la.
Embora a datação precisa de Apu Anno ainda não tenha sido feita, outras “múmias de fogo” indicam uma prática que perdurou até o século 19. Acredita-se que o método envolvia amarrar os corpos a uma estrutura chamada “cadeira da morte” e limpá-los com água salgada, secando-os com a fumaça de ervas queimadas.
Segundo crenças locais, os meking eram deixados nas montanhas para ficarem mais próximos dos deuses. A crença local teme que a destruição dessas múmias possa trazer desastres para as gerações presentes e futuras dos Ibaloi.