Fósseis misteriosos são finalmente identificados 

Os fósseis não são nem animais, nem plantas, tendo sido identificados graças a um vídeo publicado no YouTube
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 26/01/2024 06h00
Os fósseis misteriosos parecem impressões digitais (Crédito: van de Schootbrugge et al (2024), Revisão de Paleobotânica e Palinologia, CC BY 4.0 ; recortado)
Os fósseis misteriosos parecem impressões digitais (Crédito: van de Schootbrugge et al (2024), Revisão de Paleobotânica e Palinologia, CC BY 4.0 ; recortado)
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Um curioso grupo de fósseis com identidade secreta foram finalmente revelados por um grupo de cientistas, e eles não são nem plantas, nem animais. O trabalho foi extenso até que eles fossem identificados e a resposta estava mais próxima do que eles esperavam. 

Para quem tem pressa:

  • O fóssil foi tido por muito tempo como uma concha fossilizada;
  • Na nova pesquisa foi sugerido que, na verdade, ele era um euglenóide encistado, mas um encistamento nunca havia sido observado;
  • Depois de muito procurar, um vídeo de um euglenóide se enrolando e formando um cisto, foi encontrado no YouTube.

Durante muito tempo esses fósseis foram erroneamente identificados devido às linhas estranhas ou “costelas” que marcam sua superfície, fazendo-o parecer uma impressão digital. Sem ser corretamente identificado, cientistas colocaram o seu nome de Pseudoschizaea, pensando se tratar de uma concha fossilizada. Agora, a pesquisa publicada no Review of Palaeobotany and Palynology aponta uma nova explicação.

Os pesquisadores sugerem que, na verdade, esses fósseis misteriosos são euglenóides, um grupo de protistas unicelulares. Esses seres vivos fazem fotossíntese como as plantas e comem como os animais, mas no final não são nem um, nem outro. Acredita-se que esse grupo de microrganismos tenha surgido há cerca de 1 bilhão de anos, mas poucos fósseis foram deixados para trás.

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Os fósseis misteriosos, na verdade, são euglenóides encistados

Foram analisados centenas de artigos à procura de seres vivos semelhantes ao Pseudoschizaea, mas não foi encontrado nada que apoiasse a ideia dele ser um euglenóide. A hipótese era que eles poderiam estar encistados, um truque utilizado por esses microrganismos para sobreviver a situações adversas, no entanto, os cientistas nunca haviam observado um encistamento euglenóide em laboratório, o que impedia de afirmar com certeza que era isso o que estava ocorrendo.

Depois de analisar cerca de 500 artigos, a resposta foi encontrada em um vídeo no YouTube. O entusiasta australiano da microscopia, Fabian Weston colocou a água retirada de um lago próximo à Nova Gales do Sul sob o olhar de um microscópio, o que acabou registrando o momento em que a Euglena se enrolou e formou um cisto com linhas semelhantes às observadas nos fósseis misteriosos.

Involuntariamente, Fabian forneceu uma prova importante. Ele é provavelmente a única pessoa no planeta que testemunhou o encistamento de Euglena sob um microscópio.

Paul Strother, um dos autores do estudo, em comunicado 

Com essa descoberta, foi possível estabelecer uma linha do tempo para os euglenóides que se estende até cerca de 400 milhões de anos atrás, abrindo possibilidade para o reconhecimento de espécimes ainda mais antigos.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.