Não é incomum vermos notícias sobre a descoberta de fósseis com milhares ou até milhões de anos. Os fósseis, fragmentos de seres vivos que sobreviveram ao longo de tanto tempo, podem nos contar muito sobre o passado do nosso planeta. Mas como os cientistas sabem a idade de um fóssil?

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Os fósseis são restos de organismos antigos conservados ao longo de milênios por processos naturais. Eles podem incluir ossos, pegadas, dentes e animais preservados no gelo ou em âmbar. Fósseis constituídos apenas das partes duras, ricas em cálcio, como ossos e dentes, são mais comuns devido à sua resistência à decomposição.

O processo comum de transformação de um organismo morto em fóssil envolve o soterramento dos restos em solo abundante, seguido por uma desaceleração da decomposição, dependendo dos materiais do solo.

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A classificação dos fósseis pode ser simplificada em dois grupos principais. Os Somatofósseis abrangem os restos vitais de animais e plantas que datam de épocas antigas, proporcionando aos paleontólogos uma compreensão fundamental da morfologia e anatomia desses seres.

Em contrapartida, os Icnofósseis concentram-se na vida cotidiana desses organismos, documentando pegadas e rastros deixados ao longo do tempo.

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Crédito: Rowan Martindale

Como é feita a datação de fósseis?

Para identificar a idade de um fóssil, os cientistas precisam olhar para a estrutura molecular dos artefatos. A busca nesse caso é por isótopos, variações de um átomo que possuem o mesmo número de prótons. Esses átomos pertencem ao mesmo elemento químico, mas são diferentes no número de nêutrons em seu núcleo.

Quando um átomo decai, ele perde parte das suas partículas devido à emissão de radiação, ficando assim mais estável. Damos o nome de meia-vida ao tempo necessário para metade dos átomos radioativos de uma amostra decair. O urânio-238, por exemplo, tem uma meia-vida de 4,47 bilhões de anos, e sua combinação com outros isótopos permite estimar a idade de minerais antigos da Terra, Lua e até fragmentos de meteoritos.

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Quando lemos sobre a datação de artefatos históricos, é muito comum nos depararmos com a idade de um fóssil acompanhada do termo “carbono-14”. Baseado no decaimento desse isótopo do carbono, o método de datação por carbono-14 permite identificar a idade de algo que foi criado nos últimos 55.000 anos.

Mas, para períodos mais antigos, entram em cena isótopos radioativos como urânio-238, urânio-235 e tório-232. Os isótopos tendem a entrar nos organismos de animais e objetos a partir da alimentação ou dos sedimentos usados para a fabricação desses objetos.

O carbono-14, por exemplo, é absorvido pelas plantas e comido por animais. Quando eles morrem, deixam de consumir o isótopo. O que torna possível, portanto, o cálculo de sua idade, caso esse organismo se torne um fóssil.

Fóssil de rincossauro em exposição no Espaço do Conhecimento, planetário e museu da Universidade Federal de Minais Gerais. Crédito: Twitter Espaço do Conhecimento/UFMG

Além da radiometria, cientistas também podem utilizar o método de datação por luminescência que determina quando um mineral foi pela última vez exposto à luz, contribuindo para a compreensão de eventos geológicos ao longo do tempo.

É importante lembar que nenhum desses métodos é utilizado sozinho para determinar quando um fóssil viveu. A paleontologia é uma ciência complexa que envolve várias áreas do conhecimento, como a análise geológica do local onde o objeto foi encontrado.

No caso de fósseis de hominídeos, profissionais de outras áreas, como antropólogos e historiadores, são chamados para fornecer informações sobre a possível idade daquele fóssil.