Caverna esconde sinais de canibalismo humano e rituais de quase 15 mil anos

Não foram encontrados sinais de violência nos mortos, o que poderia sugerir que o canibalismo tinha um significado oculto
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 16/02/2024 17h03, atualizada em 29/02/2024 20h45
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Caverna de Gough esconde sinais de canibalismo humano. Crédito: Tom Meaker/Shutterstock
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Uma caverna em Somerset, na Inglaterra, pode guardar segredos do passado pré-histórico do homem. No local, formado há cerca de 500 mil anos e palco de impressionantes formações rochosas, fica o maior rio subterrâneo da Grã-Bretanha. E foi ali também que pesquisadores encontraram evidências de habitação humana de cerca de 14.700 anos, inclusive com sinais da prática de canibalismo.

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Dentro da caverna de Gough, arqueólogos encontraram restos mortais de várias pessoas, incluindo dois adolescentes e uma criança de cerca de três anos de idade. Os esqueletos indicam fortes evidências de canibalismo:

  • Os ossos (inclusive de costelas) parecem ter sido mastigados por humanos;
  • Alguns ainda apresentam marcas de corte onde a carne foi removida;
  • Além disso, os pesquisadores localizaram crânios esvaziados que podem ter servido como copos ou tigelas para os habitantes do passado.

O que mais intrigou a equipe, no entanto, foi a total ausência de sinais de violência nos mortos. As informações são da IFLScience.

A caverna de Gough, a Inglaterra, guarda sinais de canibalismo humano. Crédito: Tom Meaker/Shutterstock

Canibalismo pode ter significado oculto

De acordo com os pesquisadores, existem duas possíveis explicações para este mistério. A primeira é que este é um exemplo claro do canibalismo típico, motivado por necessidade de sobrevivência (os indivíduos encontrados na caverna teriam morrido durante a última Era do Gelo). O problema desta teoria é que diversos restos de animais foram encontrados no mesmo local, indicando que existia alimento ali.

A outra possibilidade ganha força a partir da análise dos crânios transformados em recipientes de bebida. Essa, de fato, não é uma prática rara (sendo utilizada pelos vikings), mas as descobertas na caverna são um dos exemplos mais antigos desse tipo de comportamento.

Os pesquisadores acreditam que os materiais eram parte de um ritual canibal com um significado ainda desconhecido. Independentemente do que tenha de fato acontecido, as descobertas podem servir para entendermos melhor sobre os primórdios da vida humana.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.