Após duas explosões em testes anteriores, o Starship, maior foguete do mundo, foi lançado novamente. O veículo decolou nesta quinta-feira (14) da Starbase, local de lançamento da SpaceX, próximo à praia de Boca Chica, no sul do Texas, às 10h25 (horário de Brasília). Apesar do sucesso da decolagem, a equipe perdeu o contato com a nave pouco antes do horário previsto para o pouso.

Inicialmente, o lançamento do chamado Terceiro Teste de Voo Integrado (IFT-3) estava programado para às 9h, mas precisou ser adiado. Primeiro, para que fossem retiradas embarcações da área de retenção no Golfo do México. Depois, em razão dos fortes ventos no local.

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Megafoguete Starship posicionado na plataforma de lançamento da SpaceX antes da decolagem, em 14 de março de 2024. Crédito: SpaceX via X

Cerca de 2min40s após a decolagem, houve a separação dos estágios. Enquanto o estágio superior de 50 m seguiu para o espaço, o Super Heavy começou os preparativos para uma queima de retorno para redirecionar sua trajetória. Esse processo reverteu a velocidade do booster, e foi planejado para ser seguido minutos depois por uma queima de pouso acima do Golfo do México. No entanto, parece que os motores do Super Heavy não reacenderam como planejado, levando à perda do propulsor.

“Não acenderam todos os motores que esperávamos e perdemos o propulsor”, disse o porta-voz da SpaceX, Dan Huot, durante a transmissão ao vivo. “Teremos que analisar os dados para descobrir exatamente o que aconteceu, obviamente”.

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Por sua vez, o estágio superior continuou voando após a separação, mas não tentou entrar em órbita completa. Em vez disso, a espaçonave entrou em uma fase de costa suborbital enquanto sobrevoava a Terra, durante a qual a SpaceX esperava demonstrar dois dos sistemas de voo da espaçonave em direção à qualificação do veículo – a reativação dos motores Raptor da Starship (que não foi realizada) e a transferência de combustível criogênico entre tanques.

“A Starship experimentou sua primeira entrada do espaço, fornecendo dados valiosos sobre aquecimento e controle de veículos durante a reentrada hipersônica. As visualizações ao vivo da entrada foram possibilitadas pelos terminais Starlink operando na Starship”, disse a empresa.

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Previsto para ocorrer 65 minutos após a decolagem, o splashdown no oceano não pôde ser assistido. “Ou a espaçonave sofreu uma desmontagem não programada ou perdeu o sinal”, disse Zurita durante a transmissão. “Mas com tudo o que foi testado hoje, o voo pode ser considerado bem sucedido. Inteiro ou aos pedaços, por uma possível explosão, certamente o foguete já está no mar – nada que comprometa o sucesso da missão”.

“A conclusão do teste de voo ocorreu durante a entrada, com os últimos sinais de telemetria recebidos via Starlink da Starship aproximadamente 49 minutos após o início da missão”, informou a Spacex.

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Todo o processo foi transmitido e comentado em tempo real pelo Olhar Digital, com apresentação de Bruno Capozzi, nosso editor-executivo, Lucas Soares, editor de Ciência e Espaço, e do astrônomo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).

De acordo com a SpaceX, entre os objetivos mais ousados do voo estavam:

  • A queima de subida bem-sucedida de ambos os estágios, abrindo e fechando a porta de carga útil da Starship;
  • Uma demonstração de transferência de propelente durante a fase costeira do estágio superior;
  • A primeira religação de um motor Raptor no espaço;
  • Uma reentrada controlada.

Além disso, segundo a empresa de Elon Musk, o foguete também voará em uma nova trajetória, destinado a cair no Oceano Índico e não no Pacífico, como era o plano nas duas primeiras tentativas. Esse novo trajeto vai permitir à equipe experimentar novas técnicas, como a queima de motores no espaço, ao mesmo tempo em que garante mais segurança. Esses objetivos tornam o terceiro voo da Starship mais ambicioso do que os dois voos anteriores do foguete. 

Animação mostra novo trajeto definido pela SpaceX para o Starship

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Lançamentos anteriores do megafoguete Starship

O primeiro lançamento para um teste de voo suborbital aconteceu em 20 de abril de 2023. Na ocasião, o foguete de 120 metros de altura (o maior já construído pela humanidade), explodiu no céu cerca de quatro minutos após a decolagem.

Megafoguete Starship sendo abastecido na plataforma de lançamento da SpaceX no Texas. Crédito: SpaceX via X

Isso porque, pouco antes da separação dos dois estágios, a 35 km de altitude, houve uma falha, forçando o procedimento de autodestruição do foguete, que foi caindo e explodiu a 29 km de distância do solo.

Após sete meses de expectativa, em 18 de novembro a SpaceX lançou o veículo pela segunda vez. Oito minutos e 30 segundos depois, o Starship explodiu ao entrar em órbita e perdeu a comunicação com a Terra, mas ainda assim o lançamento entrou para a história da exploração espacial como um teste bem-sucedido.

Visão impressionante do SpaceX Starship na órbita da Terra. Crédito: SpaceX

Starship, da SpaceX: o foguete mais poderoso do mundo

O megafoguete Starship é composto por dois estágios, o propulsor Super Heavy e a espaçonave que dá nome ao complexo veicular. Eles foram projetados pela SpaceX para formar o foguete mais poderoso do mundo, totalmente reutilizável e capaz de transportar até 165 toneladas para a órbita da Terra.

É importante destacar que a NASA escolheu o megafoguete Starship como módulo de pouso lunar da missão Artemis 3, programada para levar astronautas à Lua em 2026.