Forte erupção solar atinge Mercúrio e provoca auroras de raios-X no planeta

Efeito semelhante a auroras, observável em raios-X mas não em luz visível, pode ter ocorrido em Mercúrio após explosão no lado oculto do Sol
Flavia Correia18/03/2024 11h21
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Conceito artístico de uma poderosa erupção solar atingindo o planeta Mercúrio, elaborado com Inteligência Artificial. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital
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Uma gigantesca erupção no lado oculto do Sol lançou recentemente uma poderosa ejeção de massa coronal (CME) que atingiu Mercúrio, potencialmente desencadeando auroras de raios-X invisíveis ao redor da superfície do planeta.

Sobre a tempestade solar que atingiu Mercúrio:

  • Uma mancha solar no lado oculto do Sol explodiu;
  • Ela tem cerca de 40 vezes o tamanho da Terra;
  • A erupção ejetou uma enorme nuvem de plasma que se chocou com Mercúrio por volta das 20h (pelo horário de Brasília) do dia 9 de março, de acordo com a plataforma de meteorologia e climatologia espacial Spaceweather.com
Renderização artística mostra a espaçonave BepiColombo voando pela aurora de Mercúrio. Crédito: THIBAUT ROGER/EUROPLANET

O Observatório de Dinâmicas Solares (SDO) da NASA registrou um grande filamento de plasma parcialmente obscurecido explodindo atrás do membro nordeste do Sol. Com base na quantidade de plasma observada, a erupção provavelmente se estendeu por cerca de 600 mil km de diâmetro, atingindo Mercúrio horas mais tarde.

Mercúrio é alvo frequente de ventos solares em fúria

Devido à sua proximidade com o Sol, Mercúrio é frequentemente bombardeado por CMEs, o que, com o passar do tempo, acabou destruindo sua atmosfera, deixando-o totalmente exposto à força das tempestades solares.

Quando os elétrons das CMEs tocam a superfície desprotegida do planeta, eles diminuem rapidamente a velocidade. Essa desaceleração faz com que as partículas liberem energia na forma de raios-X, que os cientistas podem detectar da Terra. O resultado é um fenômeno semelhante a uma aurora que é observável em raios-X mas não em luz visível.

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Exemplo de auroras de raio-X, estas em Júpiter. Crédito: NASA Chandra/Juno Wolk/Dunn

Essa recente erupção gigantesca é mais um sinal de que o pico do atual ciclo solar de cerca de 11 anos do Sol, conhecido como máximo solar, pode já ter começado – e muito antes do previsto.

Uma das maiores preocupações durante o máximo solar é que os pesquisadores não conseguem monitorar adequadamente o lado oculto do Sol, que pode abrigar regiões ativas gigantes que desencadeiam tempestades solares surpresas, como a que acabou de atingir Mercúrio. 

É possível que essas manchas solares possam se posicionar em direção à Terra conforme o Sol gira, expondo nosso planeta a jatos de plasma solar. Uma carta que a NASA tem na manga para evitar ser pega desprevenida por essas manchas escuras invisíveis é o rover Perseverance, que às vezes pode espionar o lado distante do Sol de lá de Marte. No entanto, isso só funciona quando a Terra e o Planeta Vermelho estão localizados em lados opostos do Sol.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.