Imagine que você quer saber um pouco mais sobre suas origens e antepassados ao enviar sua saliva para um teste genético. No entanto, de repente, seus dados são vazados na internet sem sua autorização. O fato é que, diferente de dados de acesso como contas e logins, por exemplo, não basta somente trocar as suas senhas e chaves de segurança, afinal de contas, quem pode mudar seu DNA?

Em outras palavras, uma vez que seu DNA estivesse abertamente exposto, não seria mais possível fazer nada para reverter tal situação, caso ele viesse cair em mãos erradas antes de tirá-lo de qualquer banco de dados. Por isso, é necessário saber antes até que ponto fazer um teste de ancestralidade é realmente seguro.

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Para que serve um teste genético?

Muito além de descobrir sobre sua genealogia e ancestralidade, ao enviar uma amostra de saliva, você vai saber informações diversas, como a porcentagem de diferentes etnias que compõem sua herança genética, quais são seus parentes e as possibilidades de desenvolvimento de doenças.

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Sobre este último dado, isso não significa que você terá tal doença, mas que talvez tenha uma probabilidade maior de desenvolvê-la diante de seus dados genéticos apresentados.

Teste genético de ancestralidade: caso 23andMe

No segundo semestre de 2023, um hacker que se intitulou como Golem, anunciou em um fórum online de cibercriminosos um conjunto de dados roubados da 23andMe, uma das empresas mais conhecidas de testes domésticos de DNA. A 23andMe se pronunciou, ao admitir que o hacker teve mesmo acesso às informações pessoais de 6,9 milhões de perfis de usuários.

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Com objetivo de lucrar com a invasão desses dados, o hacker ofereceu tais informações para quem tivesse a disposição de pagar. O criminoso chegou a destacar que entre os dados roubados estavam contas de pessoas com antecedentes judeus asquenazes (com origem na Europa central e oriental), dando indícios que o ataque poderia ter sido etnicamente dirigido. Na sequência, começaram a circular notícias que tal ação pode até ter tido motivações antissemitas.

No entanto, tal ataque acendeu um alerta nas pessoas que se dispõem a fazer um teste genético. Afinal de contas, 14 milhões de pessoas enviaram seu DNA para a 23andMe em seus kits de saliva para análise. Todas buscavam informações sobre sua saúde e ancestralidade e jamais imaginavam o que realmente estavam fornecendo para aquela empresa. Tais dados agora, pode ter sido um dos muitos que o hacker anunciou para venda.

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Falha de segurança em teste genético

ransomware
Imagem: ImageFlow / Shutterstock.com

Acredite se quiser, mas o ocorrido com a empresa 23andMe aconteceu quando a empresa ainda não tinha a verificação em duas etapas. O que se sabe, é que até o dia do ataque a empresa não tinha essa confirmação adicional como um código recebido em uma mensagem de texto ou um aplicativo autenticador, o que provavelmente pode ter facilitado tal invasão.

Atualmente, a 23andMe adotou a verificação em duas etapas e outras empresas do setor de testes genéticos tem adotado maior segurança para evitar vazamentos de seus clientes.

Riscos de vazamentos de informações genéticas

Especialistas revelam que o risco de tais vazamentos implicariam nas contratações de pessoas e poderiam ser usados incorretamente por empresas. Segundo matéria de Jenny Kleeman, Jornalista britânica a BBC, tais informações poderiam refletir em tomada de decisões e preconceito:

“[…] em uma era que cada vez mais decisões financeiras são tomadas por algoritmos que buscam todas as fontes possíveis de dados sobre um indivíduo, existe a séria possibilidade de prejuízos financeiros e discriminação decorrente de um vazamento de dados genéticos”, afirmou.

Porém, sabendo da sensibilidade de tais dados algumas leis já estão sendo criadas para evitar algumas práticas duvidosas, como a Lei de Não Discriminação da Informação Genética dos EUA, aprovada em 2018. A lei torna ilegal que seguros de saúde mudem sua cobertura com base em informações genéticas.