A inteligência artificial (IA) consegue criar imagens (estáticas e com movimento) e vozes a partir de amostras. E empresas viram nessa capacidade o potencial para um novo nicho de mercado: a “ressurreição digital”.

Para quem tem pressa:

  • Empresas chinesas têm criado “clones” digitais de pessoas falecidas usando IA, um serviço cada vez mais procurado por famílias para reviver entes queridos no país asiático;
  • A tecnologia empregada pela empresa Super Brain, por exemplo, analisa fotos e vídeos para recriar digitalmente a imagem, a voz e até o comportamento da pessoa falecida. A companhia já atendeu mais de mil pedidos, contou seu fundador, Zhang Zewei;
  • No entanto, o uso de IA para “ressuscitar” pessoas – principalmente celebridades – sem o consentimento de familiares gerou controvérsias e questionamentos sobre a ética e o impacto emocional dessa prática;
  • O Brasil também vivenciou episódios de “ressurreição digital” de artistas – por exemplo, os envolvendo Elis Regina e Luiz Gonzaga.

Na China, por exemplo, “ressuscitar” humanos em versões digitais tem sido um nicho próspero, segundo o Global Times. Por lá, cada vez mais pessoas contratam empresas especializadas para criar “clones” digitais de entes falecidos.

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‘Ressurreição digital’ via IA

Ilustração de inteligência artificial filtrando informações
(Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

A empresa de IA Super Brain já atendeu mais de mil pedidos de “ressurreição digital”, conforme informou o fundador da companhia, Zhang Zewei.

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Para “clonar” (digitalmente, claro) o falecido, a Super Brain alimenta uma IA com fotos e vídeos da pessoa. Com base neste material, a tecnologia reproduz a imagem, a voz e até mesmo o comportamento da pessoa.

Essa, digamos, modalidade se popularizou na China após o músico Tino Bao revelar ao público sua filha “ressuscitada” por meio de IA, conforme publicado pelo veículo de comunicação chinês. Mas esse tipo de uso da tecnologia não passa incólume de polêmicas e controvérsias por lá.

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Por exemplo, um criador de conteúdo usou IA para “ressuscitar” diversos artistas chineses falecidos. Até aí, (meio que) tudo bem. Mas ele não pediu permissão das famílias para isso. Resultado: deu problema. O pai de um falecido ator pediu a remoção do vídeo, por “reabrir antigas feridas emocionais”.

Casos no Brasil

Elis Regina canta em propaganda da VW
(Imagem: Reprodução/Volkswagen)

O tema é um tanto mórbido, mas já vimos este tipo de uso da IA no Brasil. Um dos casos mais emblemáticos foi aquele comercial da Volkswagen que “ressuscitou” a cantora Elis Regina. No vídeo, veiculado em julho de 2023, o “clone” da artista canta Como Nossos Pais ao lado de Maria Rita, filha da cantora.

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Outro artista a ser tirado do sossego pela IA foi Luiz Gonzaga, “ressuscitado” num dueto com o cantor João Gomes. A dupla cantou Eu Tenho a Senha, de Gomes, durante o festival iFood Arraial Estrelado, realizado no Jockey Club em São Paulo (SP). O episódio ocorreu pouco depois da veiculação (e repercussão) do comercial da VW.

Artistas famosos gringos – por exemplo: James Dean, Audrey Hepburn e Michael Jackson – também não escaparam dessa ânsia nostálgica. É como se os casos envolvendo esses famosos tivessem preparado o terreno para a onda atual de “ressurreição digital” de meros mortais – que, aparentemente, tem sido imortalizados.