Uma startup norte-americana chamada Reflect Orbital quer lançar uma constelação de espelhos orbitais, com a função de irradiar a luz do Sol para usinas de energia solar para aumentar a produção de eletricidade renovável após o anoitecer. Um protótipo de satélite refletor de luz deve chegar à órbita em 2025.

Ben Nowack, fundador e CEO da empresa, apresentou o projeto na Conferência Internacional sobre Energia do Espaço, realizada em Londres, Inglaterra, na semana passada.

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Pequenos satélites foram projetados pela startup Reflect Orbital para serem usados como espelhos orbitais que captam a luz solar e refletem na Terra em forma de energia. Crédito: Johan Swanepoel – Shutterstock

Como serão os espelhos orbitais de reflexão de energia solar

Segundo a apresentação, a Reflect Orbital prevê uma constelação de 57 pequenos satélites circundando a Terra em uma órbita polar síncrona ao Sol, a uma altitude de 600 km. Nessa órbita, os equipamentos vão rodear de polo a polo o planeta, que estará girando embaixo deles.

As espaçonaves devem sobrevoar cada ponto da Terra no mesmo horário do dia, fazendo duas passagens a cada 24 horas. “Combinados, os 57 satélites forneceriam mais 30 minutos de luz solar às usinas, no momento em que a energia é mais necessária”, disse Nowack. 

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De acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável, o custo dos painéis solares caiu 90% nos últimos 15 anos, e sua eficiência continua a aumentar, graças aos avanços na tecnologia fotovoltaica. Com isso, a energia solar é agora a forma mais barata de eletricidade que já esteve disponível para a humanidade, de acordo com o site Carbon Brief.

No entanto, a natureza intermitente da geração de energia solar é um problema que os especialistas ainda estão tentando resolver. Em dias nublados, as usinas são menos produtivas do que quando o céu está limpo. À noite, a geração de energia solar para completamente. Sistemas de baterias e outras energias renováveis poderiam compensar parte desse déficit, mas até agora usinas nucleares e a carvão e gás são necessárias como backup.

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Os satélites da Reflect Orbital devem pesar apenas 16 kg cada e serão equipados com espelhos de mylar de 9,9 por 9,9 metros de tamanho que se implantam em órbita. Mylar é um material plástico utilizado em mantas espaciais, isolantes e embalagens. 

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Os espelhos são projetados para concentrar a luz em um feixe estreito que pode ser direcionado e focado com base na demanda dos operadores de fazendas solares. Segundo Nowack, os espelhos são projetados para evitar a poluição luminosa.

Solução ou agravamento da poluição luminosa?

No verão passado, a Reflect Orbital testou esse espelho em um balão de ar quente flutuando três quilômetros acima de uma fazenda solar. A empresa foi capaz de gerar 500 watts de energia por metro quadrado de painel solar, o que é cerca de “metade do brilho do Sol”, de acordo com Nowack. 

Espelhos orbitais, no entanto, têm seus oponentes. Falando na conferência de Londres, Andrew Williams, do Observatório Europeu do Sul (ESO), alertou que os refletores, a menos que projetados com cuidado, podem brilhar mais do que as estrelas mais brilhantes e exacerbar o problema de poluição luminosa por satélite que os astrônomos têm enfrentado.