Existe um mercado emergente na China de deepfakes que “clonam” pessoas. De um lado, empresas vendem réplicas geradas com inteligência artificial (IA) de pessoas vivas e figuras públicas. De outro, companhias adaptaram a tecnologia para “ressuscitar” entes queridos.

O mercado emergente de ‘clonagem’ de pessoas via IA na China

  • Empresas chinesas vendem réplicas geradas por inteligência artificial (IA) de pessoas vivas e falecidas. As companhias exploram a demanda cultural por comunicação com entes queridos falecidos criando avatares realistas para diálogos virtuais;
  • Enquanto a prática de “ressuscitar” pessoas falecidas com IA reflete tradições culturais chinesas, a “clonagem” de figuras públicas serve para recriações em eventos, por exemplo;
  • Com mais de dois mil clientes, o serviço de “clonagem” via IA tem ganhado popularidade na China, custando de algumas centenas a milhares de dólares, conforme pessoas buscam conforto digital no luto ou preservar legados para interações futuras;
  • A evolução rápida dessa tecnologia na China levanta questões éticas sobre consentimento, privacidade e violação de direitos autorais. Também desafia a necessidade de regulamentação conforme essas práticas se expandem globalmente.
inteligência artificial
(Imagem: PopTika/Shutterstock)

No caso da comunicação com os mortos, a prática moderna por meio da IA reflete uma extensão das tradições culturais chinesas de manter conversas com entes queridos falecidos. 

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As empresas chinesas têm explorado essa necessidade cultural, desenvolvendo avatares realistas que viabilizam diálogos virtuais com pessoas falecidas. E cobrando de algumas centenas a milhares de dólares pelo serviço.

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IA que ‘ressuscita’ e ‘clona’ na China

Montagem de três retratos de uma mulher
(Imagem: oneinchpunch/Shutterstock)

Atualmente, duas empresas chinesas dominam esse nicho de mercado, atendendo a mais de dois mil clientes, segundo o MIT Technology Review.

A popularidade desse serviço tem crescido à medida que as pessoas buscam conforto digital no processo de luto. Neste caso, a tecnologia ajuda a preservar uma espécie de conexão com entes falecidos.

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Além desse uso pessoal, a tecnologia de clonagem digital se aplica a figuras públicas históricas. Por exemplo, a Silicon Intelligence, uma das líderes nesse mercado, usou a tecnologia para recriar digitalmente Mei Lanfang, lenda da ópera de Pequim falecido em 1961, para uma apresentação num festival em 2023.

A tendência de clonar a si mesmo enquanto ainda está vivo também tem ganhado popularidade. Muitos veem isso como uma oportunidade de preservar suas memórias e legado, permitindo futuras interações digitais com suas réplicas. 

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Este processo é visto por alguns como uma extensão moderna de sessões de fotos, mas com a capacidade de capturar e reproduzir imagem, voz e comportamento da pessoa.

Evolução dos deepfakes na China levanta questões éticas

Ilustração de avatar de IA
(Imagem: Jainik Patel/Shutterstock)

A tecnologia por trás da “clonagem digital” tanto dos vivos quanto dos mortos é essencialmente a mesma. Com um mercado já estabelecido na China, é provável que essas empresas continuem a expandir suas ofertas e a explorar novos usos para a tecnologia de deepfake.

Entretanto, esses avanços também levantam questões éticas significativas. As preocupações com o consentimento e a privacidade, bem como possíveis violações de direitos autorais, são aspectos cruciais que precisam ser cuidadosamente considerados à medida que essa tecnologia evolui e se populariza globalmente.