Após muitos anos de buscas por outros mundos (especialmente com vida extraterrestre), a NASA achou um planeta muito parecido com o nosso. Ele se encontra há 40 anos-luz de distância e se chama Gliese 12 b.

Gliese 12 b tem tamanho que fica entre os de Terra e Vênus que se encontra na constelação de Peixes. Ele foi encontrado pelo Transiting Exolpanet Survey Satellite (TESS) da NASA.

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  • Gliese 12 b é hospedado pela estrela Gliese 12, anã vermelha fria;
  • Ela possui apenas 27% do tamanho do Sol e 60% da temperatura da superfície solar;
  • Por sua vez, Gliese 12 b orbita a estrela a cada 12,8 dias;
  • A NASA ainda não tem certeza se o planeta possui atmosfera. Supondo que não haja, sua temperatura superficial é estimada em cerca de 42 °C;
  • O anúncio da descoberta foi realizado nesta quinta-feira (23), pela agência espacial estadunidense, em comunicado.

Para os astrônomos, estrelas anãs vermelhas, como Gliese 12, são ideais para a busca por planetas com tamanhos similares ou iguais aos da Terra.

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A NASA explica que uma estrela menor significa maior escurecimento para cada trânsito, e que massa menor significa que um planeta em órbita tem condições de produzir oscilação maior, chamada de “movimento reflexo” da estrela, que tornam os planetas menores mais fáceis de serem detectados.

Encontramos o mundo mais próximo, em trânsito, temperado, do tamanho da Terra, localizado até hoje. Embora ainda não saibamos se possui uma atmosfera, temos pensado nela como uma exo-Vênus, com tamanho e energia semelhantes recebidos de sua estrela, como nosso vizinho planetário no Sistema Solar.

Masayuki Kuzuhara, professor-assistente do projeto no Centro de Astrobiologia de Tóquio (Japão), que co-liderou equipe de pesquisa

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Representação artística que mostra o tamanho da Terra em comparação com Gliese 12 b; são similares (Imagem: NASA/JPL-Caltech/R. Hurt [Caltech-IPAC])

Além disso, as estrelas anãs vermelhas têm luminosidades mais baixas, o que significa que suas zonas habitáveis (gama de distâncias orbitais nas quais a água líquida tem condições de existir na superfície de um planeta) ficam mais próximas delas.

Este é outro ponto que facilita a descoberta de planetas em trânsito dentro de zonas habitáveis que estejam em torno dessas anãs vermelhas, em relação às que emitem mais energia.

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A distância entre Gliese 12 e Gliese 12 b é de apenas 7% da distância entre Sol e Terra. Além disso, o planeta recém-descoberto recebe 1,6 vezes mais energia de sua estrela do que recebemos do Sol e cerca de 85% do que Vênus recebe.

Gliese 12 b representa um dos melhores alvos para estudar se os planetas do tamanho da Terra que orbitam estrelas frias podem reter suas atmosferas, passo crucial para avançar nossa compreensão da habitabilidade dos planetas de nossa galáxia.

Shishir Dholakia, estudante de doutorado no Centro de Astrofísica da Universidade do Sul de Queensland (Austrália), que co-liderou outra equipe de pesquisa

As duas esquipes entender que estudar Gliese 12 b tem potencial para desvendar aspectos da evolução de nosso próprio Sistema Solar:

Pensa-se que as primeiras atmosferas da Terra e de Vênus foram destruídas e, depois, reabastecidas pela liberação de gases vulcânicos e bombardeios de material residual no Sistema Solar. A Terra é habitável, mas Vênus não é devido à sua perda total de água. Como Gliese 12 b está entre a temperatura de Terra e Vênus, sua atmosfera pode nos ensinar muito sobre os caminhos de habitabilidade que os planetas tomam à medida que se desenvolvem.

Larissa Palethorpe, estudante de doutorado na Universidade de Edimburgo (Escócia) e University College London (Inglaterra), que co-liderou a equipe de Dholakia

Atmosfera de Gliese 12 b existe?

Na manutenção de uma atmosfera de um planeta, algo substancial é a tempestade gerada por sua estrela. Anãs vermelhas, como Gliese 12, costumam ser magneticamente ativas, resultando em frequentes e poderosas explosões de raios-x.

Contudo, as duas equipes envolvidas no estudo identificaram que Gliese 12 não mostra sinais de comportamento externo.

Em trânsito, a luz da estrela hospedeira passa por qualquer atmosfera. Diversas moléculas de gás são capazes de absorver distintas cores, o que faz com que o trânsito fornece conjunto de impressões digitais químicas capazes de serem detectadas por telescópios, como o James Webb, que deverá realizar estudos adicionais em Gliese 12 b.

Kuzuhara e o outro colíder da equipe, Akihiko Fukui, assistente do projeto e professor da Universidade de Tóquio (Japão), publicaram, nesta quinta-feira (23), artigo sobre a descoberta no The Astrophysical Journal Letters. Também nesta quinta-feira (23), Dholakia e Palethorpe publicaram suas próprias descobertas no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Representação artística do caçador de exoplanetas TESS, da NASA (Imagem: NASA)

Conhecemos apenas um punhado de planetas temperados semelhantes à Terra que estão próximos o suficiente de nós e que atendem a outros critérios necessários para este tipo de estudo, chamado espectroscopia de transmissão, usando as instalações atuais. Para compreender melhor a diversidade de atmosferas e os resultados evolutivos destes planetas, precisamos de mais exemplos como Gliese 12 b.

Michael McElwain, astrofísico pesquisador do Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland (EUA), e coautor do artigo de Kuzuhara e Fukui