Rio Grande do Sul: risco de deslizamentos ainda preocupa

Situação gera risco de novos deslizamentos em encostas urbanas e quedas de barreiras na margem de estradas no Rio Grande do Sul
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 27/05/2024 11h42
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Imagem: Reprodução/Defesa Civil RS
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Um relatório divulgado pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) aponta para o risco de novos deslizamentos em encostas urbanas e quedas de barreiras na margem de estradas no Rio Grande do Sul. Isso acontece porque o solo do estado está saturado de umidade. A região enfrenta a maior tragédia climática de sua história, com volumes de chuvas muito acima da média esperada para o período.

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Limite de saturação foi atingido

Os pesquisadores explicam que a umidade do solo é calculada medindo-se a quantidade de água presente no solo em relação ao volume total do solo e água. Sensores específicos são usados para determinar essa proporção. Quanto mais próximo de 1, ou 100%, maior o nível de saturação do solo.

Segundo o relatório, diversas partes do estado gaúcho apresentam taxas de umidade do solo muito próximas ao limite de saturação, em torno de 1 cm³/cm³. Isso significa que o solo já não consegue mais absorver água, fazendo com que toda a chuva escoe superficialmente, aumentando o risco de inundações.

Áreas em azul mais intenso no mapa mostram os pontos com maior saturação do solo (Imagem: divulgação/LAPIS)

O estudo aponta que algumas áreas no extremo sudoeste do Rio Grande do Sul estão em uma condição mais favorável, com menor umidade do solo em comparação à região centro-leste do estado.

Os cientistas afirmam que se Porto Alegre estivesse com o solo seco, por exemplo, parte da água já teria infiltrado no subsolo. No entanto, a chuva constante provocou, inclusive, a subida da água pelos bueiros, alagando regiões que ainda não tinham sido afetadas pelas enchentes históricas.

RS enfrenta inundações históricas (Imagem: reprodução/redes sociais)

Tragédia climática no Rio Grande do Sul

  • De acordo com o mais recente balanço da Defesa Civil, são 166 mortes confirmadas pelas fortes chuvas e enchentes que atingem o estado gaúcho.
  • São 64 pessoas desaparecidas, mais de 581 mil desalojadas e aproximadamente 55 mil em abrigos.
  • A tragédia climática causou impactos severos em 469 dos 497 municípios gaúchos, afetando diretamente mais de dois milhões de pessoas.
  • O lago Guaíba atingiu o maior nível da história, passando dos 5 metros e 30 centímetros.
  • Um dos pontos mais críticos em Porto Alegre é o Aeroporto Internacional Salgado Filho, que anunciou a suspensão de todas as operações até o final de agosto.
  • Na região Sul, a Lagoa dos Patos também inundou alguns municípios, caso de Rio Grande.
  • Em 2023, uma série de desastres climáticos causou uma verdadeira devastação no Rio Grande do Sul.
  • Foram registradas 16 mortes em junho, 54 em setembro e outras 5 em novembro.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.