Uma descoberta surpreendente foi feita por cientistas em uma expedição à ilha de Grande Terre, localizada a leste da Austrália. Liderados por Jaume Pellicer, do Instituto Botânico de Barcelona, na Espanha, os pesquisadores identificaram que uma modesta samambaia, a Tmesipteris oblanceolata, possui o maior genoma já conhecido no mundo.

A planta, que cresce apenas alguns centímetros acima do solo da floresta e tem uma aparência pouco notável, esconde em seu íntimo uma quantidade de DNA que ultrapassa em mais de 50 vezes o genoma humano. Este achado, que desafia as expectativas anteriores sobre a complexidade genética, foi detalhado em um estudo publicado na última sexta-feira, 31, segundo o The News York Times.

publicidade

Leia também:

Historicamente, acreditava-se que organismos mais complexos, como os humanos, teriam genomas maiores devido à necessidade de codificar uma diversidade maior de proteínas. No entanto, descobertas anteriores em animais como sapos e peixes pulmonados já haviam mostrado que o tamanho do genoma não necessariamente correlaciona-se com a complexidade biológica.

publicidade

A samambaia Tmesipteris oblanceolata e outras espécies com genomas grandes possuem uma quantidade significativa de DNA que não codifica proteínas, mas desempenha outras funções importantes, como a regulação da atividade gênica.

Além disso, a maior parte de seu genoma é composta por DNA de função desconhecida, às vezes referido como “DNA lixo”, que pode ter se acumulado ao longo de gerações sem causar prejuízos aparentes ao organismo.

publicidade
Cientistas descobrem maior genoma na Terra
Imagem: Layse Ventura via Dall-E / Olhar Digital

A expedição que levou à descoberta desse genoma extraordinário ocorreu em 2023, após anos de planejamento por Dr. Pellicer. A equipe incluiu colegas de Kew Gardens em Londres, um estudante de pós-graduação e especialistas locais em plantas. A análise subsequente em Barcelona revelou que o genoma da Tmesipteris oblanceolata contém cerca de 160 bilhões de pares de bases de DNA.

https://twitter.com/Nature/status/1796627702851539173

Os cientistas sugerem que o tamanho exagerado deste genoma pode ser resultado da duplicação de genomas e da inserção de sequências semelhantes a vírus ao longo do tempo evolutivo. Esses fenômenos podem ocorrer sem grandes desvantagens em ambientes estáveis, onde a competição é reduzida.

publicidade

No entanto, um genoma excessivamente grande pode eventualmente se tornar um fardo para a célula, exigindo mais recursos para a replicação e manutenção. Este limite natural pode explicar por que genomas gigantes são raros na natureza, conforme observações de Dr. Pellicer.

Ainda há muitas espécies de plantas a serem estudadas, e pesquisadores como Brittany Sutherland, da Universidade George Mason, que não participou do estudo, acreditam que ainda não atingimos o limite superior do tamanho do genoma. A investigação de outras 400 mil espécies de plantas pode revelar ainda mais sobre a diversidade e os limites do material genético.