Cyathea rojasiana é uma espécie de samambaia arbórea encontrada nas florestas do oeste do Panamá. Um artigo publicado este mês na revista Ecology revela que ela é capaz de reaproveitar suas folhas mortas, convertendo-as em raízes que absorvem nitrogênio do solo para continuar alimentando a planta-mãe.

Quando vivas, as folhas envelhecidas dessa samambaia são inclinadas para baixo para que a “espinha” delas, conhecida como ráquis, possa tocar o solo. E quando a folha morre, as estruturas dentro da ráquis que antes levavam água para as partes vivas da folha, se transformam em raízes. Essas novas raízes escavam o solo e continuam fornecendo nutrientes para o resto da planta.

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“Este é um reaproveitamento verdadeiramente novo de tecido. E é diferente do que sabemos que outras samambaias fazem”, disse o professor James Dalling, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, EUA, principal autor do estudo, em um comunicado à imprensa.

A equipe acredita que este é o primeiro caso de uma samambaia ser capaz de reaproveitar as folhas mortas para se alimentar dessa maneira.

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Vulcanismo pode ter ajudado a evoluir folhas mortas das samambaias do Panamá

Essa planta pertence a uma antiga linhagem de samambaias arbóreas que remonta ao período Jurássico, entre 200 e 146 milhões de anos atrás. Acredita-se que as raízes que se desenvolvem a partir das folhas mortas evoluíram para extrair mais nutrientes de solos vulcânicos pobres.

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“O Panamá é uma ponte terrestre entre as Américas do Norte e do Sul que se aglutinou há sete milhões de anos a partir de um arquipélago de ilhas, e essas ilhas são o resultado da atividade vulcânica no passado”, disse Dalling. “Em um local que descobrimos, uma camada de cinzas vulcânicas de vários metros de profundidade parece areia de praia. As plantas que crescem lá são distintas daquelas que encontramos em outros lugares daquela reserva florestal”.

De crescimento muito lento, a samambaia arbórea investe muita energia em recursos para cultivar prioritariamente as folhas. O fato de crescerem apenas cerca de dois metros de altura ajuda a garantir que, quando as folhas começam a envelhecer e caem, elas sempre tocam o chão – o que é perfeito para transformá-las em folhas-zumbis.