Com uma resolução acima de 3,2 gigapixels, um peso de quase três toneladas e a ambiciosa tarefa de realizar uma exploração sem precedentes do Universo ao longo de uma década, a maior câmera digital já construída para astronomia óptica está pronta para ser instalada sob o céu limpo do norte do Chile.

Segundo a agência de notícias Reuters, as peças necessárias para instalar o colossal dispositivo no Observatório Vera C. Rubin – que inclui um telescópio terrestre e a câmera – viajaram do Laboratório Nacional de Aceleradores (SLAC), da Universidade de Stanford, em Palo Alto, na Califórnia, em vários veículos até o cume do Cerro Pachón, na região de Coquimbo, à beira do deserto do Atacama, cerca de 565 km ao norte de Santiago.

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A maior câmera digital do mundo acaba de chegar ao destino de instalação, no Chile. Crédito: Jacqueline Ramseyer Orrell/SLAC National Accelerator Laboratory

“Tudo o que precisávamos para as operações está agora no cume e pronto para checkout e, esperançosamente, para instalação um pouco mais tarde este ano”, disse Stuartt Corder, diretor científico da Associação de Universidades para a Investigação em Astronomia (AURA) e vice-diretor do Laboratório Nacional de Pesquisa em Astronomia Óptica-Infravermelha dos EUA (NOIRLab), que vai operar o observatório.

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Câmera vai investigar natureza da energia escura e da matéria escura no Universo

O  Observatório Verca C. Rubin é um sistema complexo e integrado que consiste em um telescópio terrestre de campo largo de oito metros de largura, a câmera e um sistema automatizado de processamento de dados.

Observatório Vera C. Rubin, em construção no Chile, tem previsão de conclusão em 2025. Crédito: Divulgação

Financiada pelo governo dos EUA, a câmera LSST (sigla em inglês para Levantamento do Legado do Espaço e do Tempo), teve um custo total aproximado de US$800 milhões (algo em torno de R$4 bilhões na cotação atual). Ela foi projetada para fazer uma varredura do céu a cada três dias, em movimentos repetitivos, tirando uma foto a cada 30 segundos, o que vai ajudar no aprofundamento das pesquisas sobre o Universo.

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O telescópio vai gerar aproximadamente 20 terabytes de dados por noite e sua exploração de dez anos produzirá um banco de dados de catálogo de 15 petabytes.

O objetivo da exploração será investigar a natureza da energia escura e da matéria escura no Universo, além de estudar a possibilidade de colisão entre asteroides e a Terra, ou estrelas e planetas próximos ao Sol.

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“Estamos aqui no precipício, nos preparando para iniciar uma campanha que, em dez anos, esperamos que responda a perguntas como ‘quando o universo foi feito e começou a entrar em movimento’, ‘como continuará a evoluir no futuro’?”, disse Corder.

A AURA é um consórcio de 47 instituições dos EUA e três afiliadas internacionais que operam observatórios astronômicos para a Fundação Nacional da Ciência dos EUA (NSF) e a NASA. 

A expectativa é que a LSST responda a uma série de questões astronômicas, criando o que os especialistas chamam de “o maior filme de todos os tempos e o mapa mais informativo  já montado do céu noturno”.