Viajar no tempo é algo que sempre mexeu com a nossa imaginação e criatividade, inspirando inúmeras obras de ficção científica. Desde as viagens de Marty McFly em “De Volta Para o Futuro” até os paradoxos temporais de “Harry Potter”, a ideia de retroceder ou avançar no tempo desperta o desejo humano de corrigir erros do passado e explorar o desconhecido.

De acordo com a física, teoricamente, viajar para o futuro seria até possível, mas voltar ao passado apresenta desafios teóricos hipotéticos, como o chamado Paradoxo do Avô – entenda mais adiante.

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Teoria da Relatividade de Einstein e a viagem no tempo

Com a Teoria da Relatividade Geral, Albert Einstein revolucionou a compreensão do espaço e do tempo, postulando que eles estão interligados no que chamamos de espaço-tempo, onde a gravidade é uma manifestação da curvatura desse tecido pelo espaço e pela massa. Esta ideia não apenas explicou fenômenos como a órbita dos planetas e a curvatura da luz, como também abriu a porta para conceitos como a dilatação do tempo.

A dilatação do tempo é um fenômeno predito pela relatividade especial e geral. Simplificando, ela afirma que o tempo não é absoluto, mas relativo ao movimento de um observador. Se alguém se move muito rapidamente em relação a outro observador, o tempo passa mais devagar para o primeiro em comparação com o segundo. 

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Para a física, viajar no tempo não é coisa de ficção científica. Crédito: Les Bossinas/NASA/Glenn Research Center

Isso significa que, em teoria, um astronauta viajando próximo à velocidade da luz por um período suficientemente longo poderia retornar à Terra encontrando-se muito menos envelhecido do que seus contemporâneos.

Um dos aspectos mais intrigantes da Teoria da Relatividade Geral é a possibilidade de curvatura do espaço-tempo o suficiente para permitir a existência de buracos de minhoca. Esses são conceitos teóricos onde, em um espaço-tempo curvado de maneira especial, poderia haver uma ponte entre duas regiões distantes. 

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Imagine dobrar uma folha de papel para conectar dois pontos que, de outra forma, seriam separados. Isso poderia teoricamente permitir viagens instantâneas entre locais distantes no Universo – e alguns cientistas acreditam que também poderia, em teoria, facilitar viagens no tempo.

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No entanto, conforme destaca reportagem do site BigThink, a criação e estabilidade de buracos de minhoca são desafios enormes. Eles exigiriam manipulação de energia em escala cósmica, possivelmente envolvendo energia negativa ou exótica, algo que ainda não foi observado na prática. A teoria especula que, se uma extremidade do buraco de minhoca permanecesse na Terra e a outra fosse transportada a uma nave espacial viajando próximo à velocidade da luz, aquele que atravessasse poderia emergir em um momento anterior ao início da viagem.

Paradoxo do Avô: voltar ao passado pode impedir nossa existência

Isso, teoricamente, resolveria o Paradoxo do Avô, que sugere que viajar ao passado e interferir em eventos poderia impedir sua própria existência. Se um buraco de minhoca só permitisse viagens a momentos posteriores à sua criação, não haveria como alterar o curso dos eventos que levaram à sua criação. No entanto, esse cenário é altamente especulativo e permanece nos limites da ficção científica.

Outra abordagem especulativa para a viagem no tempo envolve flutuações quânticas. De acordo com os princípios da mecânica quântica, o espaço-tempo está sujeito a flutuações de energia, incluindo a possibilidade de flutuações de energia negativa. Essas flutuações poderiam, supostamente, deformar o espaço-tempo de maneira que criasse condições favoráveis para viagens no tempo. No entanto, essas flutuações são extremamente raras e de curta duração, tornando sua exploração tecnologicamente desafiadora.

Conceito artístico do Universo primitivo consistindo de espuma quântica, com flutuações grandes, variadas e importantes na menor das escalas. Flutuações de energia positivas e negativas podem se conectar umas às outras nessas escalas, criando minúsculos buracos quânticos. Crédito: NASA/CXC/M. Weiss

Se a viagem no tempo fosse um dia alcançada, ela levantaria questões filosóficas profundas sobre livre-arbítrio, determinismo e a natureza do tempo. Poderíamos realmente mudar o passado? Se sim, como isso afetaria o presente e o futuro? Essas são questões que intrigam tanto cientistas quanto leigos.

Além das questões teóricas, há também implicações práticas e éticas a serem consideradas. A criação de tecnologias que permitam a manipulação do espaço-tempo teria implicações monumentais, não apenas para a exploração espacial e a compreensão do Universo, como também para a própria estrutura da realidade conforme a conhecemos.

Embora a viagem no tempo seja um conceito cativante que continua a inspirar a imaginação humana e a criatividade literária, sua realização prática permanece um desafio. A ciência nos dá pistas teóricas e possibilidades fascinantes, mas alcançar o sonho de viajar ao passado ou ao futuro exigirá avanços significativos na nossa compreensão da física fundamental e na tecnologia necessária para manipular o espaço-tempo em escalas cósmicas.