Recentemente, o Olhar Digital noticiou uma situação intrigante que aconteceu no Aquarium and Shark Lab, localizado na Carolina do Norte, EUA. Uma arraia (ou raia) chamada Charlotte aparentemente teria engravidado mesmo sem a presença de um macho de sua espécie no mesmo tanque.

Este mistério curioso ganhou ainda mais atenção quando o chefe do aquário sugeriu que ela poderia ter sido fecundada por um tubarão. No entanto, após uma série de testes, a equipe descobriu um “desenvolvimento médico verdadeiramente triste e inesperado” na arraia, que acabou morrendo, segundo divulgado no domingo (30) nas redes sociais do aquário.

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“Estamos tristes em anunciar, depois de continuar o tratamento com sua equipe médica e especialista, que nossa Charlotte faleceu hoje”, diz a publicação. “Continuamos a trabalhar com sua equipe médica e especialistas em pesquisa”.

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Como tudo começou

Em fevereiro, uma postagem no Facebook anunciou a gravidez da arraia. “Nossa arraia, Charlotte, está esperando! Mantivemos isso em segredo por mais de três meses”, disse a equipe ECCO, que administra o aquário. Na publicação, constam exames de ultrassom. “A coisa realmente incrível é que não temos um macho de arraia no aquário!”.

Arraia Charlotte, que vivia sozinha em um tanque de tubarões. Crédito: Facebook/Aquarium & Shark Lab by Team ECCO

Existem algumas maneiras pelas quais uma arraia pode engravidar sem a presença de um macho. “Algumas espécies de arraias podem armazenar espermatozoides para uso posterior, mas nenhuma arraia macho estava no tanque com Charlotte”, disse Brenda Ramer, fundadora e diretora executiva da Team ECCO, à ABC 13 News na época. 

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No entanto, havia machos de outra espécie com ela, o que levou à improvável sugestão de que um tubarão poderia tê-la engravidado. “Em meados de julho de 2023, movemos dois tubarões-bambu machos de um ano de idade para aquele tanque. Não sabíamos ao certo sobre sua taxa de maturação, então não pensamos que haveria um problema”, disse Ramer. “Começamos a notar marcas de mordidas em Charlotte, mas vimos outros peixes mordiscando ela, então mudamos os peixes, mas as mordidas continuaram”.

Durante o acasalamento, tubarões machos – incluindo tubarões-bambu – mordem as fêmeas para se posicionarem, o que fez a equipe acreditar que isso poderia ser uma explicação. 

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Ultrassonografia da arraia Charlotte, que vivia sozinha em um tanque de tubarões. Crédito: Facebook/Aquarium & Shark Lab by Team ECCO

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Híbridos entre arraias e tubarões são impossíveis

Híbridos são possíveis, mas geralmente entre espécies geneticamente semelhantes que não divergiram há muito tempo, e não há casos documentados de tubarões se reproduzindo com arraias. Além disso, animais híbridos de espécies que se separaram há muito tempo são incrivelmente raros. 

“Vou acabar com essa desinformação”, explicou Noah Bressman, professor assistente de fisiologia da Universidade de Salisbury, no Bluesky. “Tubarões e arraias são tão distantes quanto humanos e cobras, então uma cobra engravidar um humano é tão provável quanto um tubarão engravidar uma arraia”.

Outra possibilidade levantada foi a partenogênese, um fenômeno em que uma fêmea pode desenvolver um embrião sem fertilização. Embora mais comum em tubarões, é um evento raro em arraias.

Charlotte tinha uma doença reprodutiva

Após uma série de testes, a equipe encontrou uma explicação triste: o animal não estava bem. “Lamentamos o atraso nas atualizações sobre Charlotte. Precisamos de tempo para coletar dados e analisar resultados de laboratório e testes”, escreveu o aquário no Facebook em 30 de maio

“Os relatórios mostram que Charlotte desenvolveu uma doença reprodutiva rara que impactou negativamente seu sistema reprodutivo. As descobertas são realmente um desenvolvimento médico triste e inesperado. Nossa prioridade é focar na saúde e bem-estar de Charlotte. Trabalharemos e seremos guiados por veterinários e especialistas para entender melhor essa doença e as opções de tratamento”, disse a equipe. Não foi revelado se Charlotte realmente esteve grávida em algum momento.

“Embora a pesquisa sobre esta doença seja limitada, esperamos que o caso e o tratamento médico de Charlotte contribuam positivamente para a ciência e beneficiem outras arraias no futuro”, concluiu a publicação.

Cientistas marinhos criticaram o aquário, alegando que eles espalharam desinformação e possivelmente estavam colocando a vida da arraia em risco – o que foi negado pela instituição.

“Só posso dizer o que sabemos com certeza. Nunca fui mentiroso. Não se tratava de uma farsa. Isso não foi nada inventado, mas as pessoas fazem isso. As pessoas têm seus próprios pensamentos”, disse Ramer à emissora de TV local WLOS.