Fazer uma cirurgia pode parecer algo assustador, mesmo com toda a tecnologia e segurança médica atual, mas já imaginou ser “operado” em um período onde não existia anestesia, sutura e nem técnicas modernas? Bom, se você vivesse no período neolítico, talvez andasse por aí com um buraco do tamanho de uma bola de tênis no crânio.

A prática, na verdade, era bem comum no período pré-histórico. Chamada de trepanação, a técnica consistia basicamente em fazer um buraco no crânio do paciente e, apesar de parecer absurdo, tinha uma taxa de sobrevivência relativamente aceitável para a época.

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A trepanação é uma cirurgia onde uma perfuração é feita no crânio, ela era geralmente realizada para aliviar inchaços cerebrais ou facilitar o acesso para procedimentos feitos direto no cérebro.

Mais de 40 crânios perfurados foram estudados

Os pesquisadores analisaram 41 crânios diferentes do período neolítico encontrados na frança. Alojados no Musée de l’Homme em Paris, os crânios examinados tinham entre 8.000 e 4.000 anos de idade e estavam entre os 159 na coleção que mostravam sinais de terem sido trepanados. As informações são do IFL Science.

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Na segunda imagem do crânio da mulher lombarda é possível ver uma incisão em forma de cruz, parcialmente cicatrizada. Na primeira é possível ver uma raspagem do osso da testa. Ambas podem indicar uma craniotomia. (Credito: Micarelli et al., International Journal of Osteoarchaeology 2023)

O estudo revelou que a trepanação média ficava entre 3 e 5,4 centímetros de largura, mas em alguns casos podia passar dos 10 cm. Outro fator interessante é que, embora a pessoa passasse a viver com um buraco na cabeça, a maioria das trepanações antigas em todo o mundo mostram sinais de cura, sugerindo que a maioria dos pacientes sobreviveu realmente por algum tempo após a cirurgia.

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“A alta taxa de sobrevivência, apesar do perigo de edema cerebral, infecção, hemorragia e choque, é uma indicação clara do alto nível de habilidade e experiência desses primeiros cirurgiões que realizaram a trepanação”, diz um trecho da pesquisa.

Apesar dos achados, os motivos que levavam a esse tipo de cirurgia ainda são incertos. A teoria mais aceita é que a prática era uma forma de tentar aliviar uma suposta pressão intracraniana causa por lesão ou doença.