Um pedaço da Lua na sua casa? Técnica permite fazer tijolos lunares

Cientistas coreanos desenvolveram um novo método que pode ser usado para fabricar tijolos com o solo da superfície lunar
Por Ana Julia Pilato, editado por Lucas Soares 16/07/2024 08h14
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(Imagem: astro.csatai/Shutterstock)
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Você não leu errado: em breve pode ser possível fabricar tijolos feitos de poeira lunar. Cientistas do Instituto Coreano de Engenharia Civil e Tecnologia de Construção se inspiraram em uma técnica conhecida como sinterização por micro-ondas para criar blocos sólidos com um simulador do solo superficial da Lua (KLS-1).

Entenda:

  • Cientistas coreanos desenvolveram uma técnica que pode permitir a fabricação de tijolos com poeira lunar;
  • A equipe se baseou no método de sinterização por micro-ondas – que consiste em expor o material a ondas de alta frequência para fazer com que as partículas de metal em sua composição se fundam e criem um bloco sólido;
  • A técnica foi explorada em estudos anteriores, mas os tijolos apresentaram problemas estruturais;
  • Para corrigi-los, os cientistas do novo método usaram um simulador do solo superficial lunar aquecido durante oito horas, transferido para um forno de sinterização e, por fim, resfriado a temperatura ambiente;
  • No futuro, a equipe pretende aplicar a técnica à construção de infraestruturas na superfície lunar;
  • O estudo foi publicado no Journal of Building Engineering.
Tijolo produzido pelos cientistas coreanos. (Imagem: Korea Institute of Civil Engineering and Building Technology)

Na sinterização por micro-ondas, os blocos – neste caso, feitos de material lunar – são colocados em um micro-ondas de alta frequência, e as partículas de metal encontradas naturalmente em sua composição se fundem, transformando-se em um bloco sólido.

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A técnica já havia sido explorada por outras equipes, mas os tijolos produzidos até então apresentavam falhas estruturais – como rachaduras internas ocasionadas durante o processo de aquecimento do material.

Equipe quer aplicar método à construção de infraestruturas na superfície lunar. (Imagem: Korea Institute of Civil Engineering and Building Technology)

Para resolver o problema, os cientistas coreanos aqueceram o KLS-1 em vácuo a 250 ºC durante cerca de oito horas. Depois, transferiram o material para um forno de sinterização a 1.080 °C por 10 minutos, seguido por 16 horas de resfriamento a temperatura ambiente. No fim, os tijolos produzidos não apresentaram rachaduras, possibilitando núcleos com densidade, porosidade e resistência uniformes. 

“Muitos estudos anteriores de construção espacial relacionados à tecnologia de sinterização por micro-ondas resultaram em corpos sinterizados pequenos ou heterogêneos”, diz Hyu-Soung Shin, líder do estudo, destacando que a equipe pretende aplicar a técnica à construção de infraestruturas na superfície lunar futuramente.

Ana Julia Pilato
Colaboração para o Olhar Digital

Ana Julia Pilato é formada em Jornalismo pela Universidade São Judas (USJT). Já trabalhou como copywriter e social media. Tem dois gatos e adora filmes, séries, ciência e crochê.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.