Recentemente, o astrofotógrafo Donald Pettit compartilhou uma imagem impressionante que capturou durante uma de suas missões como astronauta da NASA na Estação Espacial Internacional (ISS). Registros como esse, segundo ele, se tornaram impossíveis de se obter nos dias de hoje. Vamos entender o motivo.

Uma dúvida comum sobre as fotografias tiradas no espaço é a ausência de estrelas no fundo. Embora algumas imagens mostrem estrelas, a maioria exibe apenas um céu escuro atrás da Terra. Naturalmente, esperaríamos que as estrelas fossem mais visíveis no espaço, já que a atmosfera terrestre não estaria interferindo. E, de fato, isso acontece, tanto que telescópios são enviados para o espaço justamente para evitar essa distorção atmosférica. No entanto, fotografar estrelas não é tão simples quanto parece.

publicidade

Fotografar estrelas no espaço é tão complicado quanto na Terra

Assim como na Terra, para captar a luz das estrelas, é necessário aumentar o tempo de exposição da câmera. Esse processo exige que a câmera permaneça apontada de forma estável para o objeto espacial que se deseja registrar. 

Antigamente, isso era possível na ISS, como vemos na fotografia tirada por Pettit em 2003. A imagem, além de exibir o brilho verde do oxigênio na atmosfera da Terra, também capturou uma série de estrelas.

publicidade

Na época, o laboratório orbital mantinha uma “atitude inercial solar”, conhecida como XPOP, o que significa que os painéis solares da estação permaneciam apontados para o Sol sem necessidade de rastreamento. Na prática, a própria estação funcionava como um mecanismo de rastreamento, permitindo que uma câmera fixada nela capturasse estrelas como pontos luminosos durante longas exposições.

publicidade

Leia mais:

Desde 2006, porém, a ISS ajustou sua orientação, mantendo um lado sempre voltado para a Terra. Esse novo ângulo dificulta a captura de estrelas, pois uma exposição de 30 segundos, como a que Pettit usou na foto recém-compartilhada no Instagram, agora resultaria em estrelas aparecendo como rastros curvos, devido ao movimento da estação. Um exemplo disso é o registro abaixo, também obtido por ele.

publicidade
Com um longo tempo de exposição, as estrelas deixam rastros concêntricos nesta imagem tirada da ISS em 2012. Crédito: NASA / Don Pettit

Apesar dessa limitação, o astronauta tem planos de usar um dispositivo de rastreamento em uma próxima viagem à ISS, o que permitirá compensar o movimento da estação durante longas exposições. Além disso, com o avanço das câmeras modernas, há esperança de que novas imagens detalhadas do céu estrelado sejam capturadas em missões futuras.