Imagine desenvolver um produto por 5 anos. Arrecadar US$ 240 milhões de dólares em investimentos. Conseguir o apoio de alguns gigantes do setor, como Sam Altman (OpenAI) e Marc Benioff (Salesforce). Gastar uma fortuna com marketing e divulgação. E, mesmo com tudo isso, seu produto dá errado.

É o popular “deu ruim” para a Humane, uma startup que ambicionava lançar um dispositivo que substituiria o smartphone.

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O AI Pin é um broche inteligente, um wearable até então inédito no mercado. Com ele, os usuários poderiam fazer ligações telefônicas, conversar com um assistente de voz, interagir com uma câmera e até mesmo projetar uma tela. Tudo isso por meio de um pequeno broche que você posicionaria na altura do peito.

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Parecia perfeito no papel, mas aí vieram as primeiras experiências na vida real. Antes do lançamento, o broche passou por alguns testes com funcionários e familiares, que já apontavam para as falhas.

Mesmo assim, os executivos optaram por não adiar a estreia. As críticas na imprensa americana foram implacáveis: apontaram “falhas gritantes” e disseram que ele “simplesmente não funciona”. O youtuber Marques Brownlee foi além e chamou o AI Pin de “o pior produto que já avaliei”.

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O Olhar Digital mostrou, em junho, que o dispositivo mostrava sinais de que não daria certo. Hoje, porém, isso foi confirmado. E os números não mentem.

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A expectativa era que o broche substituísse os smartphones, mas a realidade é bastante diferente… – Imagem: Divulgação/Humane

Mais devoluções do que vendas

  • O The Verge teve acesso a alguns dados internos da Humane que mostram que as vendas fracassaram.
  • De acordo com o site gringo, entre maio e agosto, mais AI Pins foram devolvidos do que comprados.
  • Cerca de 1.000 compras foram canceladas antes mesmo do envio, e mais de US$ 1 milhão em produtos foram perdidos.
  • E perder é o verbo correto: segundo o The Verge, a empresa não consegue reconfigurar o AI Pin para um novo dono.
  • Ou seja, o dispositivo acaba virando lixo eletrônico.
  • Vale destacar que a própria Humane não confirma esses números.
  • O The Verge, no entanto, garante que conversou com pessoas de dentro da empresa e com conhecimento no assunto.
  • A expectativa da companhia era vender 100 mil broches no primeiro ano de lançamento.
  • Quase 4 meses depois e eles não conseguiram alcançar nem 20% dessa meta.
  • Isso sem contar as devoluções e toda a campanha negativa que se criou com as críticas pesadas – da imprensa e de usuários.
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Segundo a imprensa americana, esses broches são mais pesados do que parecem – Imagem: Divulgação/Humane

Os donos não desistem

Apesar dos resultados frustrantes, os cofundadores da Humane, o casal Imran Chaudhri e Bethany Bongiorno, ainda não desistiram do projeto.

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Bongiorno chegou a postar o seguinte no X (o antigo Twitter): “Este é o ponto de partida. Nenhuma geração 1 é perfeita e nunca é a visão completa.”

Isso foi em abril. Estamos agora em agosto e as coisas não melhoraram em nada. De acordo com o jornal The New York Times, a empresa já teria iniciado conversas sobre uma aquisição pela gigante das impressoras HP.

A Bloomberg confirmou a possibilidade de uma venda. E o The Information relatou agora que a Humane está negociando com seus atuais investidores para levantar dívida, que mais tarde poderia ser convertida em capital.

O Olhar Digital já havia apontado em fevereiro que a iniciativa poderia naufragar. À época, levantei alguns indícios de como o público poderia rejeitar o dispositivo. A começar pelo preço alto: US$ 699, mais uma assinatura mensal de US$ 24. Como disse, é o preço de um iPhone, e a mensalidade é mais cara do que qualquer serviço de streaming.

Além disso, o AI Pin parecia pesado demais para ficar pendurado na sua camiseta e trazia funções que outras tecnologias já nos entregam hoje. As falhas no lançamento apenas pioraram o quadro.

Aguardemos os próximos capítulos. Tudo caminha para um desfecho nada legal para a Humane.

As informações são do The Verge.