Pesquisas científicas mostram, quase semanalmente, que os microplásticos estão em todos os lugares. Seja no mar ou num rio, num lago ou em um córrego qualquer, esses fragmentos microscópicos já tomaram conta do nosso meio ambiente – e por culpa do ser humano.

O homem, aliás, também acaba sofrendo com isso. Ainda não está claro quais os prejuízos de saúde que teremos por causa desse tipo de poluição. Mas fato é que os microplásticos já podem ser encontrados dentro dos nossos corpos.

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Primeiro, eles foram identificados em nosso sistema digestivo. Depois, descobriram esses objetos em nosso cérebro. O último artigo indicou que eles estão até mesmo nos lugares mais… inusitados.

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Vale destacar que existe a possibilidade de que esses fragmentos, numa pequena proporção, não façam mal para a nossa saúde. Mas o simples fato de saber que estamos ingerindo plástico incomoda muita gente. E é por isso que cientistas do mundo todo trabalham em soluções para filtrar esses convidados indesejados.

Um estudo realizado recentemente nos Estados Unidos traz uma alternativa interessante. Os pesquisadores utilizam uma espécie de solvente na água que conseguiu separar os microplásticos do líquido. E a taxa de eficiência foi de quase 99%!

Estudo descobre como filtrar os pequenos objetos

  • Para o experimento, os cientistas da Universidade do Missouri usaram algo chamado solventes eutéticos profundos hidrofóbicos (HDESs).
  • Alguns elementos foram testados, entre eles brometo de tetrabutilamônio, brometo de tetraoctilamônio e ácido decanoico.
  • Sim, é uma sopa de letrinhas, mas os pesquisadores garantem que eles são naturais e possuem baixíssima toxicidade (ou seja, não fazem mal para a nossa saúde).
  • O interessante é que o solvente não se mistura à água, ficando na parte da superfície, como se fosse uma camada de óleo.
  • Ao misturar tudo, o solvente puxa todos os fragmentos de plástico para si e, depois, volta com tudo para a parte da superfície – como mostra a imagem.
Imagem: Divulgação/Universidade do Missouri
  • Os cientistas, então, sugaram o solvente que estava flutuando e fizeram testes com a água que ficou.
  • Na água doce, o método funcionou na extração de 98,4% de todos os poluentes do poliestireno.
  • Já em água salgada, o índice subiu para incríveis 99,8%!

Você pode ler a íntegra desse estudo na revista científica ACS Applied Engineering Materials.

Aplicações práticas do experimento

Os cientistas argumentam que essa técnica é uma solução econômica e potencialmente “sustentável para o problema dos nanoplásticos”. Dizem que, com mais pesquisas, esses solventes podem até mesmo se mostrar úteis para limpar a água de outros poluentes, como produtos químicos.

Para mim e para você, leitor, no entanto, essa estratégia talvez não seja a melhor. Eu, por exemplo, não me imagino misturando uma garrafinha d’água com óleo para retirar os microplásticos (nem teria vontade de beber o conteúdo depois).

Para nós, o melhor seria ferver essa água, como já mostrou um outro estudo chinês, que indicou eficácia de 90% com essa técnica.

O artigo da vez funciona melhor para grandes quantidades de água. Até por que não seria fácil ferver litros e mais litros do líquido. Os cientistas americanos querem agora ampliar as pesquisas, com o objetivo de entender os limites dessa estratégia. O plano, um dia, é aplicá-la em escala industrial.

Ainda não está claro quais os problemas de saúde esses pequenos objetos podem nos causar – Imagem: Deemerwha studio/Shutterstock

As informações são do Science Alert.