Existem duas formas principais de medir a pressão arterial de pacientes: a tradicional braçadeira inflável, comum em lares brasileiros, e cateteres inseridos na artéria para acompanhar a oscilação durante tempo prolongado, normalmente usada em hospitais. No entanto, cada uma dessas tecnologias têm seus desafios, desde riscos de infecção até medições imprecisas.

Cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e da startup Esperto Medical (também da Califórnia) criaram uma tecnologia que promete ser mais precisa na hora de tirar a pressão arterial. A inspiração foi peculiar: eles se basearam nas cordas de guitarra.

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Medição de pressão arterial
Pesquisa apontou desafios nos dois métodos mais comuns de medir pressão arterial – e propôs uma solução (Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado)

Medir a pressão arterial tem seus desafios

Os medidores de pressão caseiros, posicionados no braço para realizar leituras rápidas, funcionam bem. Porém, eles não são totalmente precisos, podendo perder oscilações sutis ou não se ajustar totalmente ao braço dos pacientes, o que também pode causar erros.

Em situações mais críticas, quando a medição da pressão arterial precisa ser certeira, os profissionais recorrem a cateteres arteriais, inseridos na artéria do paciente.

Além de precisa, essa técnica permite a medição contínua (chegando a dias contínuos), mas também tem seus riscos, como dor local, infecção ou hemorragia, sem contar a dificuldade inicial em calibrar o dispositivo (que também pode causar desconforto no paciente).

Novo dispositivo de pressão arterial
Nova técnica prevê dispositivo capaz de tensionar artérias para medir a pressão (Imagem: PNAS Nexus)

Cientistas queriam uma tecnologia de pressão mais simples

Pensando nisso, os cientistas da Califórnia queriam uma técnica mais simples e igualmente precisa. Eles tiraram inspiração nas cordas de violão e guitarra.

Isso porque, para afinar os instrumentos, é necessário tensionar as cordas até que elas ressoem no tom ou frequência desejada. O caminho contrário é igualmente possível: tensionar as cordas para medir a frequência atual delas.

O sistema, chamado de “sonomanometria de ressonância”, funciona assim. Vamos aos detalhes:

  • Os cientistas usam um transdutor externo para enviar pulsos de ultrassom. Eles viajam através da pele e do tecido do paciente para causar reações acústicas em uma artéria;
  • Os ecos dos pulsos são refletidos na artéria e retornam ao transdutor;
  • Nele, é possível analisar como as dimensões das artérias mudam conforme ela vibra, permitindo medir a pressão arterial.

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Nova técnica para medir pressão arterial é precisa

Os pesquisadores testaram a nova técnica nas artérias carótida, axilar, braquial e femoral de voluntários humanos. As leituras foram comparadas a outros métodos de pressão arterial e se mostraram eficientes.

De acordo com a pesquisa, publicada no periódico PNAS Nexus, futuramente é possível substituir o transdutor de ultrassom por um dispositivo bem menor que pode ser usado no paciente continuamente.