Crânio de milhões de anos muda história da evolução dos répteis

Achado no Reino Unido, o fóssil pertence ao mais antigo ancestral conhecido de um grupo que hoje soma mais de 12 mil espécies
Por Matheus Labourdette, editado por Layse Ventura 20/09/2025 06h30
O esqueleto ajudou cientistas a fazer uma grande descoberta sobre a evolução dos répteis (Imagem: Benton, M., et al/Nature/(CC By 4.0))
O esqueleto ajudou cientistas a fazer uma grande descoberta sobre a evolução dos répteis (Imagem: Benton, M., et al/Nature/(CC By 4.0))
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Um fóssil minúsculo encontrado em uma praia de Devon, no Reino Unido, acaba de mudar reescrever a evolução dos répteis. Esse crânio de apenas 1,5 cm, datado de 242 milhões de anos, pertence ao mais antigo ancestral conhecido dos lagartos, cobras e do tuatara, um réptil endêmico da Nova Zelândia que sobrevive até hoje, segundo informações do portal New Atlas.

A descoberta surpreendeu cientistas da Universidade de Bristol, que inicialmente pensaram estar diante de um pequeno lagarto primitivo. Após análises detalhadas, eles confirmaram que se tratava de um lepidosauro, grupo que inclui mais de 12 mil espécies atuais de répteis.

De quem era o pequeno crânio?

Batizado de Agriodontosaurus helsbypetrae, o animal viveu no período Triássico Médio e é mais antigo do que qualquer outro fóssil já identificado dessa linhagem. O termo significa “lagarto de dentes ferozes de Helsby”, fazendo referência aos dentes afiados do pequeno animal.

Tuatara, réptil nativo da Nova Zelândia, é o último de sua ordem (Imagem: MollyNZ/iStock)
Tuatara, réptil nativo da Nova Zelândia, é o último de sua ordem (Imagem: MollyNZ/iStock)

Ao contrário do que se imaginava para os primeiros lepidosauros, o fóssil não tinha dentes no palato nem articulações flexíveis no crânio. Em compensação, apresentava uma barra temporal inferior aberta, traço que aumenta a flexibilidade da mandíbula. Essa estrutura indicava que a linhagem já buscava formas de se alimentar diferentes e se adaptava conforme a necessidade.

Segundo os pesquisadores, os dentes grandes e triangulares eram perfeitos para perfurar e cortar insetos, um comportamento semelhante ao observado no tuatara atual. Isso sugere que, desde cedo, os lepidosauros desenvolveram diversas estratégias alimentares diferentes.

O réptil é o último de sua ordem

O tuatara é frequentemente chamado de “fóssil vivo” por conservar traços dos seus parentes mais antigos, mas o estudo reforça que ele é, na verdade, o último representante de uma ordem que possuia muitas outras espécies.

Enquanto lagartos e cobras seguiram o caminho de crânios mais móveis, o tuatara manteve a barra óssea completa, isso garantia para o animal vantagens na hora de caçar presas menores e mais resistentes.

Fóssil ajudo os cientistas a descobrir o porquê o tuatara é o último de sua ordem (Imagem: Benton, M., et al/Nature/(CC By 4.0))
Fóssil ajudou os cientistas a descobrir o porquê o tuatara é o último de sua ordem (Imagem: Benton, M., et al/Nature/(CC By 4.0))

Os cientistas destacam que a diferença evolutiva entre os subgrupos mostra como pressões ambientais moldaram estratégias distintas. Lagartos e cobras perderam a barra óssea para explorar presas maiores e mais variadas, enquanto o tuatara permaneceu com uma estrutura mais rígida, adequada ao seu estilo de caça.

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Mesmo cabendo na palma da mão, o fóssil revela uma peça gigante que faltava no quebra-cabeça da linha evolutiva dos répteis. Ele mostra que, já no início, os lepidosauros apresentavam diversidade anatômica e comportamental, o que explicaria a grande capacidade de adaptação e sobrevivência do grupo ao longo de milhões de anos.

Tuatara
A pesquisa ajuda a entender melhor a evolução dos répteis como um todo Crédito: Sid Mosdell (Wikimedia)
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Matheus Labourdette é redator(a) no Olhar Digital

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.