Conforme noticiado pelo Olhar Digital, o Sol produziu uma erupção extremamente poderosa de classe X1 na noite de sexta-feira (22). Na verdade, foram duas ao mesmo tempo, geradas pelas manchas solares AR3614 e AR3615, que estão diretamente voltadas para a Terra. Como consequência, o planeta foi atingido no domingo (24) por uma tempestade geomagnética de grau G4 – considerada severa em uma escala que vai de G1 a G5.

De acordo com a plataforma de climatologia e meteorologia espacial Spaceweather.com, esta foi a tempestade geomagnética mais potente desde setembro de 2017.

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Vamos entender:

  • O Sol tem um ciclo de 11 anos de atividade solar;
  • Ele está atualmente no que os astrônomos chamam de Ciclo Solar 25;
  • Esse número se refere aos ciclos que foram acompanhados de perto pelos cientistas;
  • No auge dos ciclos solares, o astro tem uma série de manchas em sua superfície, que representam concentrações de energia;
  • À medida que as linhas magnéticas se emaranham nas manchas solares, elas podem “estalar” e gerar rajadas de vento;
  • De acordo com a NASA, essas rajadas são explosões massivas do Sol que disparam partículas carregadas de radiação para fora da estrela em jatos de plasma (também chamados de “ejeção de massa coronal” – CME);
  • Os clarões (sinalizadores) são classificados em um sistema de letras pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) – A, B, C, M e X – com base na intensidade dos raios-X que elas liberam, com cada nível tendo 10 vezes a intensidade do anterior;
  • A classe X, no caso, denota os clarões de máxima intensidade, enquanto o número fornece mais informações sobre sua força;
  • Um X2 é duas vezes mais intenso que um X1, um X3 é três vezes mais intenso, e, assim, sucessivamente. 

A erupção solar dupla começou com a explosão da mancha AR3614, que parecia rasgar o tecido do Sol, enquanto a AR3615, mais abaixo, produziu uma explosão um pouco menos violenta logo na sequência.

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Explosão solar dupla ocorrida na noite de 22 de março de 2024. Crédito: AIA/SDO/NASA

Embora isso possa parecer uma coincidência incrível, é provável que não tenha acontecido por acaso. Os astrônomos sabem há muito tempo que manchas solares amplamente espaçadas podem explodir em conjunto. Eles são chamados de “explosões solares simpáticas” (já falamos desse tipo de explosão aqui). 

Ocasionalmente, laços magnéticos na coroa solar se prendem a pares distantes de manchas, permitindo que instabilidades explosivas viajem de uma para a outra. Foi isso que aparentemente aconteceu com AR3614 e AR3615.

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Observatório de Dinâmicas Solares da NASA – explosão solar dupla Crédito: Observatório de Dinâmicas Solares da NASA

O evento recente lançou uma CME em direção à Terra que, segundo os modelos da NASA e da NOAA, chegaria ao planeta até a madrugada de segunda-feira (25) como uma tempestade geomagnética G3. No entanto, foi mais forte e mais cedo do que o esperado.

O que uma tempestade geomagnética G4 pode causar:

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  • Sistemas Elétricos: problemas gerais de controle de voltagem e falhas em sistemas de proteção que podem ser acionados erroneamente;
  • Operações de Satélites: podem experimentar sobrecarga estática na superfície e problemas de rastreio, correções podem ser necessárias para falhas de orientação;
  • Outros sistemas: correntes induzidas nos dutos afetam medidas preventivas, produzem problemas esporádicos na propagação HF, navegação por satélite degrada por horas e navegação por baixa frequência perturbada.

Leia mais:

Nem tudo são preocupações quando se trata de tempestades geomagnéticas. Existem também as exibições de auroras como consequência desses eventos. 

Quando o material ejetado pelas explosões solares chega à Terra, a magnetosfera do planeta desvia a maioria das partículas, embora algumas consigam penetrar na atmosfera ao seguir as linhas magnéticas, especialmente nas regiões polares. Ao penetrar na atmosfera, as partículas reagem com moléculas ali presentes, produzindo as auroras (boreal, quando formada no norte e austral, quando é formada no sul).

As auroras são frequentemente visíveis a olho nu, nos céus noturnos. E se tempestades G1, G2 e G3 já trazem luzes espetaculares, uma G4, então, poderia provocar um verdadeiro deleite aos olhos (e câmeras) dos observadores – bem mais distantes dos polos do que de costume, inclusive.

Tempestade geogmagnética recorde gera auroras “fracas”

Infelizmente, não foi o caso, e os “caçadores” de auroras ficaram, na verdade, bastante frustrados, já que o impacto se deu à luz do dia, prejudicando a visualização. De qualquer forma, alguns poucos registros foram compartilhados nas redes sociais – e, como se vê, são bem menos “brilhantes” do que as capturas de auroras noturnas.

https://www.instagram.com/p/C4589H_P5qq/