Parlamentares russos pediram ao Roskomnadzor, órgão nacional de regulação de comunicações, que verificasse se o jogo FIFA 17 poderia ser enquandrado por “propaganda homossexual”. De acordo com o Guardian, caso a agência regulatória decia que sim, o jogo poderá ser bloqueado em todo o território russo.

Uma lei de 2013 da Rússia proíbe a promoção de “relações não-tradicionais” por considerar que ela pode “danificar a saúde e o desenvolvimento de crianças”. Essa mesma lei já levou o país a pensar em banir o Facebook porque a rede social contém emojis que ilustram pessoas do mesmo gênero biológico em relações afetivas, e impediu Tim Cook, o CEO da Apple, de entrar no país.

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A parlamentar Irina Rodnina (que já foi patinadora artística e ganhou três medalhas olímpicas de ouro para a União Soviética) considerou que as autiridades precisam “verificar a possibilidade de se distribuir esse jogo no território da Federação Russa”. “Cada Estado tem suas leis e ordens internas; elas precisam ser obedecidas”, opinou.

Motivo

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Em novembro deste ano, a EA Sports, publicadora de FIFA 17, apoiou a campanha “Rainbow Laces” do grupo inglês Stonewall. O Stonewall é um grupo que combate homofobia e transfobia no futebol, e iniciou essa campanha após levantar que 72% dos frequentadores de estádios já tinham ouvido insultos homofóbicos ou transfóbicos durante a partida.

Com o objetivo de apoiar a campanha, a EA Sports permitiu que os jogadores de FIFA 17 adquirissem gratuitamente uniformes coloridos com as cores do arco-íris para suas equipes virtuais. A ação durou até o dia 28 de novembro.

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Foi o suficiente, contudo, para que parlamentares russos solicitassem apuração da ação pelo Roskomnadzor. Segundo o jornal russo Izvestia, eles alegavam que o jogo (cuja classificação indicativa sugere que ele pode ser jogado por pessoas de qualquer idade) “convida os usuários a apoiar a ação ‘Rainbow Laces’ da Premier League inglesa, uma campanha imensa em apoio a pessoas LGBT”.

Opções

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Depois da investigação, os parlamentares deverão sugerir uma série de opções à EA Sports. Segundo o político Valery Rashkin, a empresa poderá ser forçada a “inserir mudanças no código de programação ou na classificação indicativa desse produto, ou, caso se recuse, a adotar medidas restritivas correspondentes”. Rashkin, contudo, não detalhou quais seriam essas medidas restritivas.

Nesse caso, a negativa da empresa em responder a autoridades russas pode levar o jogo a ser bloqueado no país. Não seria, nem de longe, o primeiro caso desse tipo: só neste ano, o país proibiu todos os softwares da Microsoft em computadores estatais e impediu que o LinkedIn funcionasse em seu território. A Rússia também aprovou em 2016 uma lei que cria um esquema de vigilância gigantesco no país, e que poderá custar até US$ 33 bilhões às empresas de tecnologia do país.

Casos menos sérios que esse, contudo, também aconteceram em grande número no país em 2016. Por exemplo, um jogador de Pokémon Go foi preso por jogar em uma igreja, um robô foi preso por participar de uma manifestação e o PornHub, maior site de pornografia do mundo, também foi bloqueado no país.