Extremistas estão utilizando outros canais de comunicação, como o Telegram, para planejarem novos ataques na próxima quarta-feira (20), data da posse do presidente eleito nos EUA, Joe Biden. Grupos de extrema-direita estão compartilhando conhecimento no mensageiro sobre fabricação de armas e bombas caseiras.

Mensagens deste teor estão sendo compartilhadas desde que outras plataformas como Facebook, Twitter e Instagram decidiram banir usuários que compartilham discurso de ódio ou conteúdos que incitam a violência. Isso após o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos no início de janeiro.

O Telegram, apesar do número crescente de usuários, ainda não possui recursos avançados de moderação. Publicações que encorajam “atirar em políticos” circulam pelas salas de conversação compostas por membros de grupos de supremacia branca no mensageiro.

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Telegram virou aplicativo alternativo para grupos extremistas nos EUA. Imagem: DANIEL CONSTANTE/Shutterstock

Especialistas em defesa antiterrorista estão cientes do caso, e o FBI já está em alerta. Segundo Chris Sampson, chefe do instituto de defesa dos EUA, “quando começam a pedir por assassinatos” os níveis de alerta aumentam.

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Um dos grupos de apoio ao então presidente Donald Trump, pede que os extremistas “evitem protestos públicos” nos próximos dias para planejarem “grandes eventos em Washington” na posse de Biden.

Migração para o Telegram

O número de salas de chat de grupos extremistas no Telegram vem crescendo desde que o Parler — serviço preferido por grupos de extrema-direita e conservadores — ficou offline. Algumas salas de conversa chegam a contar com mais de 28 mil membros.

“Agora que nos forçaram a deixar nossa principal plataforma(o Parler) isso não significa que vamos desaparecer, só quer dizer que vamos para lugares onde não nos vejam”, diz uma mensagem de um dos ex-membros do Parler.

A lista de documentos compartilhados por supremacistas no mensageiro incluem um manual do exército norte-americano sobre explosivos e demolição.

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Apoiadores de Trump invadem o Capitólio, em Washington. Imagem: vasilis asvestas/Shutterstock

Apesar de estarem cientes que estão sob vigilância, os extremistas continuam recorrendo ao Telegram para planejarem novos ataques. Apenas nesta segunda-feira (11), o FBI enviou um alerta de 50 “possíveis protestos armados” previstos para este sábado (16).

Megan Squire, professor de ciência da computação na Elon University, declarou que o cenário atual força os extremistas a migrarem de “plataforma em plataforma”, o que pode acabar criando oportunidades para que membros desses grupos cometam erros e acabem revelando sua identidade na internet.

“Vimos como o Facebook, Twitter, YouTube e Instagram são capazes de nocautear esses caras”, comentou Frank Figliuzzi, ex-membro do FBI. No entanto, ele reforça que a descontinuação de plataformas como o Parler, faz com que o rastreio de membros de grupos extremistas se torne cada vez mais complicado.

Fonte: Nbc News