Cientistas espaciais japoneses vão examinar amostras de solo encontradas no asteroide Ryugu em uma tentativa de descobrir a origem da onda de calor que alterou as características do corpo celeste. As pesquisas estão no encalço de pistas que ajudem a solucionar o segredo da origem do sistema solar e da vida na Terra.
Os pesquisadores da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa) conseguiram recolher 5,4 gramas de amostras de solo do asteroide. A quantidade é bem maior do que esperavam, de 0,1 gramas, e a mesma que a espaçonave Hayabusa2 trouxe do asteroide Ryugu em dezembro passado. O corpo celeste está a uma distância de mais de 300 milhões km da Terra.

Temperatura superior a 300ºC
Baseado em análise de dados infravermelhos de um espectrofotômetro transmitida pela Hayabusa2, os cientistas da Jaxa descobriram que o asteroide foi submetido a altas temperaturas, tanto em sua superfície como no subsolo, possivelmente causada por uma fonte interna de calor ou por uma colisão planetária.
A equipe de Kohei Kitazato, cientista planetário da Universidade de Aizu e que trabalha com a Jaxa, encontrou indicadores de temperatura superior a 300 ºC tanto na superfície como na região interna do asteroide.
Kitazato afirma que não é possível a região interna do Ryugu atingir temperaturas tão altas recebendo apenas ondas de calor do Sol, o que reforça a tese de uma possível fonte interna de calor radioativo ou uma colisão planetária explicarem origem da alta intensidade do calor.

Essa energia possivelmente atingiu o asteroide Ryugu há bilhões de anos e causou a evaporação de sua água. Estudos de Kitazato sobre o tema já haviam sido publicados na revista Nature Astronomy no mês passado.
As pesquisas da Jaxa sobre as amostras de solo do asteroide continuam até o próximo ano. Os cientistas também pretendem analisar possíveis traços de matéria orgânica nas amostras de solo. Os resultados serão compartilhadas com a Nasa e outras agências espaciais internacionais.
A espaçonave Hayabusa2 continua sua jornada de 11 anos em busca de outro pequeno e distante asteroide chamado 1998KY26, para estudar possíveis mecanismos de defesa contra algum outro asteroide que venha a se chocar com a Terra.
Via: Phyz.Org