Na última sexta-feira (19), a Phonogram.me anunciou oficialmente seu lançamento como a primeira plataforma de NFT do Brasil. A startup tem uma proposta tão diferenciada quanto ambiciosa: unir NFT, tecnologia que foge do dicionário habitual de muitas pessoas, ao mercado musical brasileiro, modificando toda a lógica de um setor super tradicional.
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Para os sócios criadores da empresa, Lucas Mayer e Janara Lopes, o objetivo do serviço é trazer “outras formas de monetização para artistas e toda a cadeia do setor musical, mas mais em linha com o mundo atual”, disseram ao Olhar Digital.
A plataforma funciona como uma bolsa de valores: o público pode investir no seu artista favorito, adquirindo um fonograma, da mesma forma que ocorre com a compra de uma ação.
Do outro lado, o artista pode ganhar pelo seu trabalho da forma que achar mais justa, colocando à venda a porcentagem do seu trabalho diretamente ao público.
Ao conectar público, sejam fãs ou investidores, diretamente a compositores e músicos, a plataforma descentraliza o mercado fonográfico. Assim, a Phonogram.me concede, primeiramente, maior poder aos intérpretes e músicos.
Mas também entrega às gravadoras e aos selos uma possibilidade diferente de monetizar os shares que eles já possuem sobre os fonogramas de seus artistas, valorizando o trabalho desses criadores.
“Nosso esforço é focado em selecionar o trabalho de artistas brasileiros atraentes para esse mercado, administrar transações e fazer os splits entre as partes envolvidas”, explicam Mayer e Lopes.
Até o momento, foi lançado apenas o site que permite aos interessados se cadastrarem para testar o serviço assim que tiver acesso liberado. Segundo os executivos, a previsão é que a versão beta esteja disponível em dois meses.
Mas eles ressaltam que a plataforma terá uma construção faseada. Isso significa que o serviço estará em constante atualização, mesmo após o lançamento, para agregar novos recursos posteriormente, seja de modelos de comercialização, seja de novos produtos.
Abrindo possibilidades
A crescente onda de interesse no mercado NFT aqui no Brasil já existe há um tempo. Mas o estopim para materializar a Phonogram.me foi o leilão do disco do DJ norte-americano 3LAU, pelo valor de quase US$ 12 milhões.
“Ao observar a explosão repentina e o interesse do mercado brasileiro no assunto, nos vimos na obrigação de contar ao brasileiro a plataforma que estamos construindo, e essa sensação latente de que isso é a abertura de uma nova forma de valorizar o trabalho de músicos, selos e até mesmo das gravadoras”, contam os sócios ao Olhar Digital.
Para isso, os empresários também contaram com o músico e multi-instrumentista André Abujamra, conhecido por suas composições que embalaram aclamadas produções nacionais como “Carandiru”, de Hector Babenco; “Bicho de Sete Cabeças”, Laís Bodanzky; e a abertura de “Castelo Rá-Tim-Bum”, programa da TV Cultura que fez sucesso entre crianças nos anos 1990.
O artista, além do seu trabalho no setor, é também grande entusiasta dos NFTs e se tornou embaixador da Phonogram.me. Para ele, o serviço é uma forma de enaltecer os criativos e também tornar o ecossistema rentável.
“A plataforma permite aos artistas, produtores fonográficos, editoras, etc, podem não apenas vender discos com certificados NFT como também leiloar os copyrights da música – o direito sobre o fonograma. É a democratização da indústria fonográfica”, diz Abujamra, no vídeo de lançamento da plataforma, complementando que, quem compra o fonograma, se torna investidor do artista. “E não tem como ser mais fã do artista do que se tornar sócio dele, não é mesmo?”.
Isso acontece toda vez que o fonograma é executado, por exemplo, em rádios, via streaming, em um evento, ou até mesmo em um programa de televisão.
A revolução no mercado musical
O mercado de música já era parte da expertise de Mayer, que é produtor musical. Mas a escolha de atuar no ramo também teve muito a ver com as possibilidades inexploradas que a plataforma poderia representar às pessoas comuns.
“Escolhemos a música brasileira e o fonograma como ponto de partida, já que é um modelo inédito no mercado de certificados NFT. Além disso, criar uma plataforma que possibilita ao comprador que não tem criptomoedas adquirir NFTs com a moeda local é algo que ninguém fez ainda por aqui”, salientam.
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Os executivos também veem com bons olhos a possibilidade de vender fonogramas nacionais para o mercado internacional. “Esse é um dos nossos principais focos”.
Associados ao projeto estão o publicitário e diretor de criação Felipe Cury, o advogado especialista em direito autoral, Filipe Tavares, e Guido Malato, dono da empresa de tecnologia Gmalato.
A conexão com a tecnologia dos NFTs, inclusive, foi possibilitada por meio do serviço da Gmalato, que é provedora de serviços de blockchain. A Phonogram.me, por meio dessa parceria, opera na blockchain Ethereum.