O Telegram tem planos ambiciosos para o futuro, após levantar mais de US$ 1 bilhão em investimentos. Os fundadores da empresa, os irmãos Nikolai e Pavel Durov, conseguiram atrair fundos de investimento dos Emirados Árabes, que injetaram cerca de US$ 150 milhões na companhia, de acordo com divulgação à imprensa.

O fundo soberano Mubadala Investment foi um dos que investiram na empresa, aplicando US$ 75 milhões em títulos conversíveis de pré-IPO (Oferta Pública Inicial, em tradução), com vencimento em cinco anos. O Mubadala é uma holding estatal da capital Abu Dhabi e que entra na classificação de fundo soberano, o que significa que os recursos são administrados pelo governo.

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Outro investidor que aplicou também US$ 75 milhões no negócio foi o Abu Dhabi Catalyst Partners, de controle parcial do Mubadala. Com ambos os investimentos, a empresa totalizou um aporte de US$ 150 milhões.

Print do canal de Pavel Durov no Telegram, feito pelo Olhar Digital, mostra o anúncio do investimento
Pavel Durov afirma que o financiamento permitirá que a empresa continue expandindo e de forma independente. Crédito: Olhar Digital/reprodução Telegram

Além disso, após a divulgação dos investimentos pelo fundos dos Emirados Árabes, Pavel Durov confirmou que a companhia havia levantado mais de US$ 1 bilhão, mas não ficou claro se a declaração somava o valor aos investimentos anteriores divulgados pelos fundos de Abu Dhabi, ou se era uma venda de títulos adicional.

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O executivo divulgou apenas que conseguiu o investimento de “alguns dos maiores e mais experientes investidores de todo o mundo” e que o montante “permitirá ao Telegram continuar a crescer globalmente enquanto se mantém fiel aos seus valores e permanece independente”.

O montante total, segundo Durov, será aplicado no planejamento estratégico da empresa divulgado em dezembro passado. À época, o executivo afirmou que iriam lançar novos “recursos para equipes corporativas e power users”, para monetizar o negócio.

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Os fundos árabes veem a parceria como estratégica e esperam que, com os investimentos, sejam criadas “novas oportunidades de colaboração e, assim, avançar ainda mais o ecossistema de Abu Dhabi de empresas inovadoras e capacitadas por tecnologia, bem como trazer novos níveis de habilidades tecnológicas e talento para a capital”, disse Faris Sohail Faris Al Mazrui, head do programa de investimentos coletivos (CIS) e da Rússia do Mubadala, no anúncio oficial.

O executivo também afirmou que eles admiram “a visão de Pavel para a empresa e a [dedicação da] equipe em construir um produto e companhia excepcionais”.

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E complementou que o “foco inabalável na experiência do usuário e na privacidade” que Pavel aplica como guia para a construção e tomada de decisão do negócio “é uma das chaves para a popularidade e sucesso do Telegram”.

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Vale lembrar também que, apesar da origem russa, a sede do Telegram é em Dubai, então não é uma grande surpresa eles terem atraído investimentos de fundos dos Emirados Árabes. Após a movimentação, a companhia, inclusive, planeja abrir uma operação em Abu Dhabi, segundo apurou a Reuters.

Forte concorrente do WhatsApp

O Telegram foi fundado em 2013, pelos irmãos Nikolai e Pavel Durov. Os dois executivos também são os fundadores da VK, a maior rede social do país – apesar de uma empresa não estar ligada à outra.

Hoje, o aplicativo de mensagens instantâneas é um dos maiores concorrentes do WhatsApp, apesar de sua base ser bem menor: 500 milhões de usuários mensais ativos, contra 2 bilhões de usuários do app de Mark Zuckerberg.

Telegram se tornou o maior concorrente do WhatsApp. Crédito: Emre Akkoyun/Shutterstock

Segundo Durov, a base de usuários do app tem crescido de forma constante desde 2013, chegando a um aumento de mais de 40% ao ano.

Um dos grandes diferenciais do serviço, além de algumas claras distinções entre os recursos dele e os do WhatsApp, é a criptografia de ponta a ponta, que existe desde o início e engloba de videochamadas às mensagens escritas. A criptografia do WhatsApp chegou muito tempo depois do aplicativo ser lançado, e veio como resposta a diversos problemas que a empresa enfrentou em casos na justiça.

Durov também já deixou claro que ele e o irmão não pretendem vender a companhia, ao contrário do que fez a concorrente, porque, segundo ele, isso mantém a independência e a qualidade do serviço.

“Não vamos vender a empresa como fizeram os fundadores do WhatsApp. O mundo precisa do Telegram para se manter independente como um lugar onde os usuários são respeitados e o atendimento de qualidade é garantido”, alfinetou Pavel, em um post publicado em dezembro, apontando algumas das formas que a empresa iria monetizar seus serviços.

Segundo o relatório “Store Intelligence Data Digest”, da consultoria especializada no mercado de aplicativos SensorTower, o Telegram foi um dos 10 aplicativos mais baixados no último trimestre de 2020, ao lado de outros apps como Zoom, Among Us e TikTok.

No mundo, o Telegram foi o oitavo aplicativo mais baixado em 2020, sendo o nono mais baixado para Android.

Via: TechCrunch