Especialista na tecnologia usada para fazer a vacina contra a gripe, o Instituto Butantan escolheu o mesmo método para desenvolver a Butanvac, seu imunizante próprio contra a Covid-19. Nesta sexta-feira, a entidade anunciou que vai pedir à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a liberação para conduzir os testes clínicos de fases 1 e 2 em humanos de sua fórmula, a Butanvac.

A ideia é iniciar a aplicação da substância em voluntários já em abril. Segundo Dimas Covas, diretor da entidade, essa etapa deve durar cerca de dois meses. Depois disso, teoricamente, a produção da vacina já pode ser iniciada, uma vez que o Butantan já terá concluído a fabricação do lote anual de vacina da gripe.

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Testes clínicos em humanos

Antes de ser autorizada para uso, uma candidata a vacina passa por três fases de testes clínicos em humanos. A primeira etapa avalia a segurança da fórmula e possíveis reações adversas, bem como se ela é capaz de estimular a produção de anticorpos. A segunda fase permite determinar a dosagem necessária e, novamente, a capacidade de levar o organismo a produzir anticorpos, mas em um grupo maior. Na última etapa, com milhares de participantes, são avaliadas a segurança e a eficácia da vacina.

Instituto Butantan
Instituto Butantan cria candidata a vacina 100% nacional. Imagem: Leonidas Santana/Shutterstock

Para as fases 1 e 2, entidade pretende recrutar 1,8 mil voluntários. Já a fase 3, deve ter até 9 mil participantes. O objetivo é ter todas as etapas concluídas até julho, para que a aplicação da Butanvac possa ser feita nos brasileiros ao longo do segundo semestre de 2021. “Os resultados dos testes pré-clínicos foram extremamente promissores. Isso nos permite evoluir para os testes em voluntários humanos já em abril, desde que a Anvisa autorize”, diz João Doria, governador do Estado de São Paulo.

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Uma das maiores vantagens da Butanvac é o fato de tornar o Brasil independente em relação ao ingrediente farmacêutico ativo (IFA), que será totalmente produzido por aqui. O Instituto Butantan é o líder de um consórcio internacional que inclui, ainda, o Vietnã e a Tailândia. “85% da capacidade total de fornecimento da vacina vem do Butantan”, diz Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan. A nova candidata a vacina será testada também nesses dois países – na Tailândia, a fase 1 já foi iniciada.